Novo sistema substitui o uso de talões de papel e permite a revenda de créditos da BHTrans de forma transparente por meio de aplicativos de parceiros
Por mais de 40 anos, o estacionamento rotativo de Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais, foi controlado por meio de cartões de papel. Em zonas de alta circulação, os cidadãos compravam boletos que permitiam o estacionamento em vagas públicas durante determinado período. O modelo, contudo, gerava gastos em papel e dificultava o controle de crédito, uma vez que os boletos poderiam ser adulterados. Foi então que a Prefeitura sentiu a necessidade de modernizar esse modelo para aumentar o controle, a transparência e a eficiência no processo. Para isso, a decisão foi basear-se em uma inovação tecnológica sobre a qual muito tem se falado no universo de tecnologia: o blockchain.
A iniciativa, realizada pela Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte (Prodabel) usando a plataforma de nuvem da Microsoft, enxergou no blockchain a alternativa para trazer a confiabilidade que uma mudança desse porte em um serviço tão amplamente utilizado pelo cidadão precisa ter. O sistema já é utilizado por 10% da população de BH atualmente e é responsável por mais de 30 mil estacionamentos todos os dias.
Para a realização do projeto, a prefeitura de Belo Horizonte abriu um chamado público para atrair empresas interessadas em operar a venda de créditos de estacionamento. Assim, diferentes empresas foram habilitadas para comercializar créditos de estacionamento rotativo para a população por meio de aplicativos próprios. O desafio da Prodabel foi então desenvolver, utilizando blockchain e a nuvem da Microsoft, um sistema que integrasse de forma transparente todos esses agentes ao sistema da BHTrans (Empresa de Transportes e Trânsito de BH), eliminando riscos de fraude no sistema.
“Nos últimos anos, o modelo de estacionamento rotativo tem se digitalizado em todo o Brasil. Como uma das principais cidades do país, Belo Horizonte já não podia esperar para também aplicar essa transformação. Para garantir o máximo nível de confiabilidade, optamos pelo uso do blockchain para validar as nossas transações de venda de créditos”, afirma Leandro Garcia, diretor-presidente da Prodabel.
O sistema funciona da seguinte forma: a BHTrans é quem centraliza a venda de créditos para os parceiros. Assim, o montante total disponibilizado pode ser verificado com facilidade. As 20 empresas oficialmente credenciadas como parceiras têm o direito de revender os créditos adquiridos da BHTrans para a população por meio de seus aplicativos, enviando todas as transações realizadas diariamente para validação. O valor do blockchain nesse caso é justamente o fato de que, nesse processo, cada elo dessa cadeia (BHTrans e parceiras de revenda) tem o papel de “nós” validadores, com todos eles referendando a efetividade de cada uma das transações, tornando-as rastreáveis e evitando fraudes.
“Por movimentar informações estratégicas e necessitarmos garantir o funcionamento de todo o modelo de vendas, precisávamos de um servidor de nuvem escalável e estável. Foram nesses pontos que encontramos na plataforma Azure os maiores benefícios. Com ela, conseguimos realizar todas as validações necessárias no blockchain em tempo eficiente, um diferencial para essa arquitetura de informação”, diz Garcia.
“A tecnologia tem um enorme potencial para trazer mais transparência e eficiência para sistemas públicos e acreditamos que o blockchain pode ser um grande aliado nesse processo. Com inovações desse tipo, temos a oportunidade de aumentar a confiança do cidadão em serviços muitas vezes presentes no seu dia a dia, como é o caso do estacionamento rotativo em Belo Horizonte”, afirma Djalma Andrade, vice-presidente de setor público da Microsoft Brasil.
Para a população, o sistema representa um ganho em praticidade e confiabilidade. Por meio de aplicativos para smartphones das próprias empresas revendedoras, os créditos para o estacionamento rotativo são adquiridos com facilidade. Todas as vagas disponíveis são exibidas em um mapa em tempo real e, para estacionar o seu veículo, basta que o usuário compre o número de horas desejadas pelo celular. Para quem optar pelo método tradicional, existem também pontos físicos de venda de créditos, todos vinculados ao sistema digital baseado em blockchain.
Com o objetivo de garantir transparência, a cidade de Belo Horizonte registra as transações validadas no blockchain também em seu Portal da Transparência. Dessa forma, os dados são disponibilizados publicamente, auditáveis por toda a população e qualquer parte interessada. “O novo sistema de estacionamento rotativo aplicado em Belo Horizonte torna a gestão pública mais eficiente e ainda oferece comodidade para o cidadão. Outro detalhe importante é que, diferentemente de outros modelos, a maior parte da arrecadação fica com as empresas municipais. Acreditamos que esse é um passo importante para a cidade e que também pode servir de modelo para outros municípios do país”, diz Garcia, da Prodabel.