Por Jacqueline Beauchere, defensora de Segurança Digital Global
O ano escolar segue bem em muitas partes do mundo, e os pais podem querer compartilhar notícias e fotos do sucesso ou envolvimento de seus filhos em novas atividades. Antes de fazer isso, saiba que adolescentes de todo o mundo dizem que os pais compartilham (ou “não compartilham”) informações demais sobre eles nas mídias sociais – tanto que isso se tornou uma preocupação para mais de quatro em cada dez deles.
Quarenta e dois por cento dos adolescentes em 25 países¹ afirmam ter problemas com seus pais postando sobre eles nas mídias sociais. Desse total, 11% dizem que é um grande problema; 14% afirmam que é uma preocupação média e 17% consideram ser uma questão pequena – tudo de acordo com os resultados preliminares de um novo estudo da Microsoft sobre o estado da cidadania digital atualmente. Além disso, dois terços (66%) dos adolescentes dizem ter sido vítimas de pelo menos um risco online em algum momento, com a mesma porcentagem de preocupação com a possibilidade de uma experiência online negativa acontecer com eles novamente.
Os resultados são da pesquisa mais recente da Microsoft sobre aspectos da cidadania digital, incentivando interações online mais seguras, saudáveis e respeitosas entre todas as pessoas. O estudo, “Cidadania, segurança e interação online – 2019”, entrevistou adolescentes com idades entre 13 e 17 anos e adultos com idades entre 18 e 74 anos sobre sua exposição a 21² diferentes riscos online.
Este levantamento mais recente baseia-se em estudos semelhantes feitos entre 2016 e 2018. Os projetos dos anos anteriores pesquisaram os mesmos grupos demográficos em 14, 22 e 23 países, respectivamente. Um total de 12.520 indivíduos participou do estudo de 2019 e pesquisamos mais de 44.000 pessoas em quatro anos. Os resultados completos desta pesquisa serão divulgados no Dia Internacional da Internet Segura, em 11 de fevereiro de 2020.
Compartilhamento e risco online: qual é a conexão?
Embora nossa pesquisa não tenha explorado nenhuma correlação direta entre o comportamento online dos pais e a potencial exposição a riscos dos jovens, pesquisadores acadêmicos e especialistas financeiros alertaram que esse compartilhamento coloca em risco a privacidade online das crianças e potencialmente sua segurança física.
Compartilhar ou não compartilhar é uma decisão da família, mas se a opção é compartilhar, os pais devem estar atentos, ser discretos e não revelar inadvertidamente demais, incluindo o nome completo da criança, idade, data de nascimento, endereço residencial, nome de solteira da mãe, times esportivos favoritos, nomes de animais de estimação e fotos, para citar alguns exemplos. De um lado, essas informações de identificação pessoal podem ser mal utilizadas em esquemas de engenharia social online, reunidas para tornar crianças e outros jovens alvos de fraude ou roubo de identidade ou, em casos extremos, podem até levar ao aliciamento online.
De fato, crianças pequenas e bebês em particular são os principais alvos de fraude de crédito. Se alguém fizer uma linha de crédito em nome de uma criança, é provável que ela não a descubra mais de uma década depois – até que solicite seu próprio cartão de crédito ou empréstimos. Enquanto isso, o aliciamento online ocorre quando alguém cria uma conexão emocional com uma criança para ganhar a confiança dela para exploração ou abuso sexual ou recrutamento para causas terroristas ou extremistas.
“Compartilhar com cuidado” deve ser o mantra de todos, online e offline. Para saber mais sobre como proteger a privacidade online de sua família, visite nossa página de recursos de segurança digital e consulte esta ficha técnica. Para saber como ficar atento ao aliciamento online, consulte este link.
Os adolescentes continuam a procurar a ajuda dos pais
De acordo com a tendência identificada nos resultados do ano passado, em 2019 os adolescentes continuaram recorrendo aos pais e outros adultos confiáveis para obter ajuda com problemas online. Depois de saltar impressionantes 32 pontos percentuais do segundo ao terceiro ano, quase metade (48%) dos adolescentes pesquisados este ano disseram ter contatado os pais sobre preocupações com atividades online. Isso representa 6 pontos percentuais a mais em relação a 2018. Apenas dois anos atrás, menos de 10% dos adolescentes disseram ter procurado um adulto para obter ajuda com riscos online.
Além disso, quando perguntados sobre os melhores exemplos de comportamento civil e respeitoso online, os adolescentes apontaram predominantemente para os pais (80%), seguidos pelos professores em segundo lugar (49%) e outros adultos, atletas e celebridades com 22%, 17% e 15%, respectivamente.
É por isso que continuamos incentivando cada adulto a:
- Familiarizar-se com essa questão e, quando apropriado, envolver-se nas atividades online dos jovens
- Ser acolhedor e aberto a conversas sobre suas vidas online
- Ouvir e evitar julgamentos quando abordado por adolescentes sobre questões online e
- Concordar em qualquer ação juntos
Três países adicionados ao estudo de 2019
Este ano, adicionamos três países ao estudo – Indonésia, Holanda e Polônia –, e mantivemos os 22 países do relatório de 2018. Quando disponibilizarmos os resultados completos em fevereiro, também divulgaremos a leitura mais recente do Índice de Cidadania Digital da Microsoft, além dos resultados do que os entrevistados apontam e esperam em termos de cidadania digital e vida online na próxima década de 2020.
O Índice de Cidadania Digital da Microsoft mede o nível percebido de cidadania online em um determinado país com base no nível relatado de exposição ao risco de indivíduos. De 2016 a 2018, o Índice de Cidadania Digital manteve-se estável, com média de 66%, apesar das mudanças no mix de países pesquisados e nos vários riscos incluídos.
Publicaremos pelo menos uma análise inicial adicional de algumas das principais descobertas do estudo nas próximas semanas. Enquanto isso, para saber mais sobre cidadania digital e como você pode se tornar um defensor dos comportamentos online de bom senso, visite www.microsoft.com/digitalcivility. Para mais informações sobre segurança digital em geral, visite nosso site.
¹ Países pesquisados: África do Sul, Alemanha, Argentina, Bélgica, Brasil, Canadá, Chile, Cingapura, Colômbia, Estados Unidos, França, Holanda*, Hungria, Índia, Indonésia*, Irlanda, Itália, Malásia, México, Peru, Polônia*, Reino Unido, Rússia, Turquia e Vietnã. (*Indica a primeira vez que este país foi incluído na pesquisa.)
² Os 21 riscos abrangem quatro grandes categorias: comportamental, sexual, de reputação e pessoal/intrusiva.