A próxima década trará uma mudança na maneira como as crianças são ensinadas nas escolas, com a tecnologia ajudando jovens e professores a darem maior ênfase ao aprendizado fora da sala de aula. Essa é a opinião de Anthony Salcito, vice-presidente de educação da Microsoft, que fez um discurso na conferência anual de tecnologia educacional Bett, em Londres, na quarta-feira.
Salcito disse que hoje os estudantes estão cada vez mais ansiosos para começar a impactar o mundo, e estão usando a tecnologia para desenvolver suas próprias formas de aprender – de forma que elas se encaixem em suas vidas pessoais. Em vez de usar a tecnologia por comodidade, mais jovens a usam para aprender habilidades e colaborar. Isso fará com que os professores e seus alunos trabalhem em conjunto para estender a educação da sala de aula para qualquer lugar, a qualquer hora e em qualquer dispositivo.
“Creio um dos grandes temas para a próxima década será essa tecnologia que permite que escolas funcionem como um centro de aprendizado, uma central para educação, mas com foco na jornada de aprendizado, e não apenas com o que acontece dentro da sala de aula”, disse Salcito.
“Quando você pensa nos três grandes investimentos que as escolas fazem, elas estão constantemente atentas o que está acontecendo com as lições em sala de aula, o que ocorre em suas operações e no aprendizado além das paredes da instituição. Nas últimas décadas, o foco se manteve nessa experiência. Acho que veremos uma mudança, na qual criarão uma base de edifícios e espaços inclusivos, flexíveis e controlados por dados. Eles permitirão que os alunos aprendam em qualquer lugar.”
A palestra de Salcito no Bett, um evento com a participação de 850 empresas e quase 35.000 pessoas, foi intercalada com palestras de Barbara Holzapfel, gerente geral de marketing educacional da Microsoft e Daniel McDuff, pesquisador principal da empresa.
Holzapfel apontou para as próximas pesquisas realizadas pela Microsoft com a Economist Intelligence Unit, mostrando que os professores entendem o valor do aprendizado social e emocional. A tecnologia pode “ajudar estudantes e professores a se conectarem”, disse ela.
Salcito apontou duas ferramentas da Microsoft que já estão ajudando professores e alunos a trabalharem melhor juntos – e separados.
O PowerPoint Live está permitindo que os jovens se conectem remotamente em uma apresentação interativa fornecida por um educador. Isso pode ser traduzido automaticamente para mais de 60 idiomas com uma transcrição que pode ser estudada após o término da lição.
Enquanto isso, o Teams está ajudando turmas inteiras a colaborar enquanto estão em casa e na sala de aula, permitindo que elas personalizem seu aprendizado e obtenham o que precisam, quando precisam.
Ao invés de se sentirem ameaçados pela tecnologia, os professores serão cruciais neste novo mundo de aprendizado sempre ativo, apontam tanto Salcito quanto Holzapfel.
“A tecnologia está mudando o mundo”, disse Salcito. “A maneira como trabalhamos e os empregos de que precisamos estão se tornando muito mais dinâmicos; novas carreiras estão sendo inventadas e criadas, enquanto as existentes estão mudando. Nós, como pessoas, precisamos ser ágeis e nos ajustar constantemente também.”
Ele continua afirmando que, por isso, “os educadores são tão importantes e precisamos de professores inovadores. A necessidade de as escolas prepararem os alunos para mudar fundamentalmente o mundo está em andamento. O que queremos que os educadores façam não é limitado pela estrutura de uma palestra de 40 minutos, dinâmica de sala de aula ou avaliação que esteja conectada a um currículo, mas que reconheça seu objetivo e missão de expandir o potencial de cada aluno.
“A melhor inovação que inspira a maioria dos jovens é o professor.”
Professores em todo o mundo estão enfrentando cargas de trabalho e pressão crescentes. O governo do Reino Unido anunciou recentemente um aumento nos salários iniciais para aqueles que ingressam na profissão na Inglaterra, em uma tentativa de atrair mais graduados para as salas de aula. Na próxima pesquisa da Microsoft, quase 70% dos professores citaram as limitações de tempo como seu maior obstáculo ao fornecimento de conteúdo mais personalizado para seus alunos. Ela revelou que a tecnologia pode ajudar a eliminar esses obstáculos, liberando até 30% do tempo dos professores, para que eles possam passar mais tempo respondendo às necessidades individuais e de grupo.
Salcito disse que os responsáveis pelas escolas e sistemas de ensino precisam mudar seu foco em testes e notas para o aprendizado de uma maneira que os ajude a desenvolver as habilidades certas para o futuro. Todos os trabalhos usarão a tecnologia de alguma forma, acrescentou, seja um advogado que usa inteligência artificial para digitalizar grandes quantidades de texto ou um pintor vendendo suas obras de arte online.
“Precisamos reconhecer que todo aluno aprende de maneira diferente e tem diferentes aspirações e necessidades de acessibilidade”, disse ele. “O aprendizado personalizado pode liberar o indivíduo para que ele seja o melhor, conectar suas paixões, energia, talentos, interesses, suas necessidades especiais, para tornar sua jornada de aprendizado única e livre dos limites das salas de aula, horários e currículo”.
“Temos que mudar nosso foco de apoiar e progredir o sistema, para elevar o potencial de todos os nossos filhos. É isso que a tecnologia é capaz de fazer. Acho que precisamos celebrar essa mudança. Lembre-se de que os líderes precisam mudar seu pensamento e fazer perguntas diferentes sobre o que é possível”.
O discurso de Salcito ocorreu no primeiro dia de Bett, que dura quatro dias no ExCeL, local do evento. A Microsoft é parceira mundial da feira, com um amplo estande mostrando seu trabalho em habilidades digitais e codificação, além de dispositivos de terceiros Surface projetados para a sala de aula e o Minecraft: Education Edition.
