Por Jane Hesmondhalgh – CVP, CFO, Vendas, Marketing e Operações Globais da Microsoft e patrocinadora executiva de asiáticos no grupo de recursos de funcionários da Microsoft
Já se passou um ano desde que compartilhei minha experiência pessoal de crescer como uma imigrante chinesa em um mundo branco, o que significava, para mim, ser uma asiática nesse mundo. No início, senti a necessidade de tentar me encaixar e ganhar um senso de pertencimento, mas agora percebo que é mais gratificante apreciar o valor de nossas diferenças, culturas e tradições, e o poder de nos unir na diversidade.
Desde que escrevi sobre minha experiência, nosso mundo evoluiu em uma direção inesperada e agora vivemos em circunstâncias muito diferentes. Muitos países ainda estão em uma crise de saúde sem precedentes e, nesse cenário, também estamos testemunhando um aumento alarmante do racismo com asiáticos inaceitável, que está causando um forte impacto emocional e mental nas comunidades asiáticas.
As circunstâncias da pandemia da COVID-19 trouxeram novas descobertas. Aprendemos que precisamos que todas as pessoas do planeta lutem juntas contra o vírus para superá-lo. Vejo semelhanças na abordagem que precisamos adotar, quer estejamos enfrentando uma pandemia global, ódio e violência contra a comunidade asiática ou outros eventos globais trágicos. Como indivíduos e como sociedade, todos nós precisamos nos unir e lutar contra qualquer coisa que seja uma ameaça à humanidade.
Abraçando nossas diferenças
Esta oportunidade e imperativo de trabalhar juntos para uma mudança positiva é o que vem à mente quando penso no Mês do Patrimônio Asiático-Americano e das Ilhas do Pacífico. Ser capaz de defender essa mudança é a razão pela qual escolhi continuar como patrocinadora executiva global para nossos asiáticos no grupo de recursos de funcionários da Microsoft (ERG). Nossos desafios e nossos pontos fortes estão presentes todos os dias do ano, mas este mês dedicado nos oferece a oportunidade de refletir e apreciar uma rica herança e conquistas históricas, ao mesmo tempo que aumenta a consciência sobre as questões atuais que a comunidade enfrenta. Para nos unir, primeiro precisamos respeitar e aceitar cada pessoa como ela é. Essa individualidade é a vitalidade, energia e alegria de viver. Cabe a nós compreender e abraçar essa singularidade e nutri-la para que todos possamos viver em harmonia e paz.
Sinto-me privilegiada por viver essa singularidade todos os dias. Além de minha função de patrocinadora executiva global do ERG, lidero uma equipe no Microsoft Finance, onde sou responsável por criar uma força de trabalho diversificada e inclusiva para profissionais em mais de 60 países e que representam muitas raças, etnias, religiões e culturas.
A forma como colaboramos e apoiamos uns aos outros para agregar valor à nossa empresa e às nossas sociedades é uma validação constante para mim de que somos mais fortes juntos. Em minha carreira, nem sempre estive cercada por pessoas que se pareciam comigo, mas sempre fui convidada a compartilhar minha perspectiva única, desafiar a equipe a ser ainda mais global em sua forma de pensar e trabalhar com colegas que têm curiosidade e desejo de continuar a aprender sobre outras culturas e comunidades. Pessoalmente, sempre me senti apoiada e respeitada como uma líder feminina chinesa. E, francamente, é um sentimento que mais pessoas deveríam ter no trabalho, e é por isso que é tão importante para mim que nos concentremos nisso juntos. Para mim, ser abraçada como um indivíduo pode significar muitas coisas. Às vezes, são simples atos de consideração que fazem a diferença, como quando tivemos que substituir uma visita presencial à subsidiária por uma virtual, e a equipe APAC me enviou um kit para fazer chá de bolhas. De uma visita anterior, eles se lembraram que é minha bebida favorita. Esse gesto me ajudou a me sentir conectada e como se tivesse um pouco de Cingapura comigo.
Aprendendo e crescendo
A Microsoft possui uma forte rede de grupos de recursos de funcionários (ERGs) centralizados e regionais. Nossas equipes financeiras iniciaram vários capítulos locais de nossos ERGs mais amplos como parte do objetivo de apoiar uns aos outros e criar uma sociedade mais inclusiva. O impacto me lembra que, quando nos unimos em intenção e ação, podemos alcançar grandes sucessos. Por exemplo, o capítulo Disability India treinou mais de 3.000 funcionários e criou um programa de orientação exclusivo para conscientizar e compreender as deficiências físicas e intelectuais. Eles também trabalharam com universidades locais para sediar um encontro de estudantes com mais de 250 candidatos em potencial, ajudando-os a interagir com nossos funcionários e identificar onde podemos acelerar a implementação de acessibilidade e inovação para pessoas com deficiência. Por último, a equipe construiu parcerias profundas com nossos clientes para ajudá-los em suas jornadas de acessibilidade e trabalhou em um programa de capacitação e defesa digital para preparar melhor os jovens com deficiência para a força de trabalho.
Estou confiante de que, se aplicarmos essa mentalidade de aproveitar nossas diferenças, nos unindo para aprender e trabalhar em grupos, regiões e identidades, poderemos enfrentar até os maiores problemas que nos dividem como sociedades.
Apoio na unidade
Em meio ao aumento da discriminação contra ásio-americanos e asiáticos em todo o mundo, é encorajador ver aliados oferecerem apoio e solidariedade. No início da pandemia, eu estava em uma longa viagem em um trem lotado e percebi que os assentos ao meu redor eram os únicos disponíveis. Como ninguém escolheu ocupar esses lugares, só posso presumir que deve ter havido uma percepção de que, por ser asiático, tinha uma probabilidade maior de transmitir o vírus. Nos últimos meses, em uma rara ocasião em que minha mãe deixou sua casa em Washington para se vacinar, ela e minha irmã foram agressivamente abordadas por um estranho que gritou ofensas verbais a elas. Ambos os incidentes criaram uma gama de emoções – isolamento, medo, raiva, questionamento e até vergonha. Tendo ouvido falar sobre muitos casos compartilhados por outras pessoas na comunidade, precisamos estar cientes de como esses atos horríveis podem ser dolorosos e desestabilizadores para as pessoas que devem continuar com seu trabalho e suas vidas pessoais, mesmo experimentando medo, estresse e ansiedade significativos.
É aqui que o apoio prestado pelos nossos colegas é inestimável. Em nossa equipe de finanças dos EUA, abrimos espaço para nossa equipe discutir e compartilhar experiências com os muitos problemas que o país enfrenta em relação à injustiça social e racial. Pessoalmente, senti uma sensação de união e apoio durante uma sessão recente realizada para discutir os ataques à comunidade asiático-americanos e das ilhas do Pacífico.
Manifestações pacíficas e reuniões municipais realizadas em todo o país, muitas das quais patrocinadas por jovens e com a participação de membros de nosso ERG asiático, mostraram que muitos estão unidos na luta contra o racismo e a violência em todas as comunidades e etnias. Como um membro compartilhou, que participou de uma manifestação recente e viu uma ampla gama de aliados “me senti fortalecido, foi bom para minha alma e me deu esperança para o futuro”.
Este ano, gostaria de convidá-lo a comemorar o Mês da Herança Asiático-Americana e das Ilhas do Pacífico com a aspiração de amplificar vozes, compreender a comunidade asiática e abraçar todas as comunidades ao redor do mundo. Isso nos ajudará a realizar um mundo onde as pessoas possam viver em harmonia e paz simplesmente sendo elas mesmas. Como patrocinadora executiva dos asiáticos no Microsoft ERG e como filha, esposa e mãe asiática, continuarei a buscar essa visão com paixão.
