Cirurgiões usam o Microsoft HoloLens para ‘ver dentro’ dos pacientes antes da operação

Cirurgiões no Reino Unido estão usando o headset de realidade mista da Microsoft para “ver dentro” dos pacientes antes da operação.

Uma equipe do Imperial College London usa dispositivos HoloLens nas salas de cirurgia para poder detectar os principais vasos sanguíneos, ossos e músculos, tornando os procedimentos mais rápidos e seguros.

O HoloLens permite que os cirurgiões utilizem exames de tomografia computadorizada que já tenham sido realizados e sobreponham modelos digitais 3D sobre eles no membro de um paciente durante a cirurgia reconstrutiva.

A técnica tem sido usada para ajudar os cirurgiões a mover vasos sanguíneos com sucesso de uma parte do corpo para outra com o objetivo de ajudar na cura de feridas abertas. Entre os pacientes estavam um homem de 41 anos, que feriu sua perna em um acidente de carro, uma mulher de 85 anos, que fraturou a fíbula, e uma pessoa que desenvolveu uma infecção com necessidade de cirurgia.

O Dr. Philip Pratt, pesquisador do Departamento de Cirurgia e Câncer do Imperial College London, disse que o HoloLens permite que os cirurgiões compreendam a anatomia de um paciente de forma muito rápida e precisa.

“Para realizar a melhor operação, você deve planejar muito bem antes. Essa tecnologia nos permite experimentar os dados que coletamos de pacientes antes de sua operação da maneira mais realista e natural. Você olha a perna e vê dentro dela; você vê os ossos e o curso dos vasos sanguíneos”, disse ele.

James Kinross, cirurgião colorretal consultor do Hospital St Mary, que usou o HoloLens durante as operações, concordou que ver dentro de um paciente poderia ser crucial para o sucesso de um procedimento.

“Você não quer fazer uma incisão e descobrir que o alvo deve estar a dois centímetros mais para cá, porque isso pode comprometer a operação. Tudo deve caminhar para o melhor resultado para o paciente”, afirma.

Os pacientes que sofreram um acidente podem ter feridas abertas que exigem cirurgia reconstrutiva. A pele e os vasos sanguíneos são retirados de uma parte saudável do corpo e costumam cobrir a ferida, permitindo fechar e curar adequadamente.

Um passo vital no processo é conectar os vasos sanguíneos do tecido “novo” com aqueles no local da ferida, de modo que o sangue oxigenado possa atingir a área.

A tomografia computadorizada é realizada no paciente para mapear o membro antes de a operação começar. Ela é então carregada no HoloLens, que coloca as imagens em cima do paciente. Vários cirurgiões, que usam headsets HoloLens, também podem ver o que seus colegas estão olhando, permitindo uma maior colaboração.

Os cirurgiões usaram um scanner de ultrassom portátil para encontrar vasos sob a pele, detectando o movimento do sangue. No entanto, isso é muito demorado e ainda requer adivinhação do local dos vasos e seu caminho através do tecido corporal.

Clique aqui e baixe o estudo sobre a aplicação do HoloLens em cirurgias de reconstrução usando modelos 3D.

“A realidade mista oferece uma nova maneira de encontrar esses vasos sanguíneos com precisão e rapidez, colocando essas imagens no paciente durante a operação”, acrescentou o Dr. Pratt.

Embora o uso do HoloLens nas salas de operação esteja em um estágio inicial, os pesquisadores estão confiantes de que poderia ser aplicado a outras áreas de cirurgia que precisam de tecido, como a reconstrução mamária após a mastectomia.

Eles estão interessados em realizar novos ensaios com grupos maiores de pacientes e em diferentes hospitais.

Em vez de colocar os usuários em um mundo totalmente gerado por computador, como a realidade virtual, o HoloLens permite aos usuários colocar modelos digitais 3D na sala ao lado. Como um produto baseado no Windows 10, ele não tem fios ou câmeras externas, nem requer uma conexão de telefone ou PC. Os usuários podem caminhar pelos objetos que criam e interagir com eles usando gestos, olhares e voz.

O HoloLens foi usado pela NASA para recriar Marte em seus escritórios, permitindo que os cientistas conduzissem operações virtuais no Planeta Vermelho; a polícia usa o dispositivo para “registrar” cenas de crime e reconstruí-las nas delegacias; e os arquitetos utilizam para criar melhores edifícios públicos.

 

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