Da conversa para o código: Microsoft apresenta primeiros recursos de produto alimentados pelo GPT-3

menino sentado em cadeira

Por Jennifer Langston, Redatora de Pesquisa e Inovação da Microsoft

Em sua conferência de desenvolvedores Build, a Microsoft revelou seus primeiros recursos em um produto de cliente alimentados pelo GPT-3, o avançado modelo de linguagem natural desenvolvido pelo OpenAI, que ajudará os usuários a criar aplicativos sem precisar saber como escrever código ou fórmulas de computador.

O GPT-3 será integrado ao Microsoft Power Apps, a plataforma de desenvolvimento de aplicativos low-code que ajuda tanto as pessoas com pouca ou nenhuma experiência em codificação — os chamados “cidadãos desenvolvedores” — como desenvolvedores profissionais com grande conhecimento em programação, a criar aplicativos para melhorar a produtividade ou os processos de negócios, seja para revisar doações de instituições beneficentes, gerenciar viagens durante a COVID-19 ou reduzir as horas necessárias para manter turbinas eólicas.

Por exemplo, com os novos recursos alimentados por IA, o funcionário poderá criar um aplicativo de comércio eletrônico para descrever um objetivo de programação usando linguagem de conversa natural, como “encontrar produtos onde o nome começa com ‘crianças’”. Um modelo GPT-3 bem ajustado oferece opções para transformar o comando em uma fórmula Microsoft Power Fx, a linguagem de programação de código aberto da Power Platform, como “Filter(‘BC Orders’ Left(‘Product Name’,4)=”Kids”).

É uma das primeiras implementações que mostra como o GPT-3, executado no Microsoft Azure e alimentado pelo Azure Machine Learning, e um dos primeiros usos internos de sua nova funcionalidade de pontos de extremidade gerenciados, consegue suprir necessidades das empresas em escala corporativa, disse a Microsoft.

Embora o Power Fx seja desenvolvido no Microsoft Excel e, portanto, é muito mais fácil de usar do que as linguagens de codificação tradicionais, a criação de consultas de dados complexas ainda pode ser uma curva de aprendizado íngreme, e esses novos recursos ajudam a diminuir essa curva.

“Usar um modelo avançado de IA como esse pode ajudar nossas ferramentas low-code a se tornarem ainda mais disponíveis para um público ainda maior, até se tornarem o que chamamos de no-code”, disse Charles Lamanna, vice-presidente corporativo da plataforma de aplicativos low-code da Microsoft.

 A parceria da Microsoft com a OpenAI visa acelerar avanços em IA

Construído pela OpenAI, empresa independente de pesquisa e implantação de IA, o GPT-3 é um modelo massivo de linguagem natural que é executado exclusivamente no Azure.

Através de uma parceria com a OpenAI com o objetivo de acelerar os avanços em IA – desde o desenvolvimento conjunto do primeiro supercomputador no Azure, que é poderoso o suficiente para atender às demandas de modelos de IA muito grandes, até testar e comercializar novas tecnologias de IA – a Microsoft tem uma licença para o código por trás do modelo GPT-3 que permite a integração da tecnologia diretamente em seus produtos.

“As pessoas poderão consultar e explorar dados de um jeito que era impossível antes, e esse será o momento mágico”, disse Lamanna. Embora esses “cidadãos desenvolvedores” não precisassem conhecer as linguagens de programação de computador, eles ainda precisavam entender a lógica de escrever fórmulas deste tipo: FirstN(Sort(Search(‘BC Orders’, “stroller”, “aib_productname”), ‘Purchase Date’, Descending), 10).

Com os novos recursos desenvolvidos por GPT-3, uma pessoa pode obter o mesmo resultado digitando uma linguagem simples como: “Mostrar 10 pedidos que tenham Carrinho no nome do produto e classificar por data de compra com o mais novo na parte superior.”

Os recursos não substituem a necessidade de uma pessoa entender o código que está implementando, mas são projetados para ajudar as pessoas que estão aprendendo a linguagem de programação Power Fx a escolher as fórmulas certas para obter o resultado de que precisam. Isso pode expandir drasticamente o acesso a aplicativos mais avançados e treinar mais rapidamente as pessoas para usar ferramentas low-code.

Os novos recursos anunciados na Build estarão disponíveis em prévia pública no idioma inglês em toda a América do Norte até o final de junho.

“O GPT-3 é o modelo de processamento de linguagem natural mais avançado que temos no mercado, por isso é incrível podermos usá-lo para ajudar nossos clientes”, disse Bryony Wolf, gerente de marketing de produtos do Power Apps. “Esta é a primeira vez que você está vendo em um produto de consumo convencional a capacidade de os clientes terem sua linguagem natural transformada em código”.

O GPT-3 faz parte de uma nova classe de modelos, que a Microsoft está explorando cada vez mais em sua iniciativa AI at Scale, que aprende examinando bilhões de páginas de texto publicamente disponível. Ele absorve nuances de linguagem, gramática, conceitos de conhecimento e contexto com tanta intensidade que o mesmo modelo é capaz de executar diversas tarefas que envolvem a geração de texto.

No ano passado, o OpenAI lançou uma API baseada no Azure que permite que os desenvolvedores explorem os recursos do GPT-3. Desde então, as pessoas a utilizam para tudo, desde escrever poesias e tweets até gerar artigos, resumir emails, responder perguntas triviais e gerar código de computador a partir de uma linguagem simples.

Essa descoberta das vastas funcionalidades do GPT-3 implodiu as barreiras das possibilidades na aprendizagem de linguagem natural, explica Eric Boyd, vice-presidente corporativo da Microsoft para IA do Azure. Mas ainda havia questões em aberto sobre a implantação de um modelo tão grande e complexo com economia em escala para atender às necessidades de empresas reais.

“Estamos encontrando maneiras de levá-lo para o Azure e nossos produtos tradicionais”, disse Boyd. “Acreditamos que o GPT-3 é capaz de fazer muito mais. É uma nova tecnologia fundamental que traz à tona possibilidades novas e diversas, e esta é só uma pequena parcela que entra em produção “, disse ele.

A equipe da Power Platform, que também trabalha com ferramentas low-code para aumentar a produtividade dos negócios, como Power BI, Power Automate e Power Virtual Agents, rapidamente percebeu que a capacidade do GPT-3 de converter a linguagem de conversa em código poderia ajudar a avançar na missão central de democratizar o desenvolvimento de software ou torná-lo mais direto para mais pessoas.

O objetivo é ter a ajuda da IA com alguns dos elementos mais corriqueiros de codificação e expressão de fórmulas, tanto para ampliar o conjunto de pessoas que são capazes de usar as ferramentas quanto para liberar desenvolvedores experientes para se concentrarem em problemas mais interessantes, como chegar ao cerne da solução da empresa ou construir uma bela interface.

A Microsoft planeja inserir o Power Fx em outras ferramentas dentro da Power Platform, momento em que os novos recursos de linguagem natural alimentados pelo GPT-3 também se expandirão para esses produtos.

A equipe da Power Platform trabalhou lado a lado com a equipe de IA do Azure para ajustar um modelo GPT-3 usando o Azure Machine Learning que pudesse traduzir a linguagem natural e expressões do Power Fx.

A equipe usou os pontos de extremidade gerenciados do Azure Machine Learning, um novo recurso anunciado na versão prévia do Build que ajuda as pessoas a implantar modelos de todos os tamanhos no Azure sem a necessidade de gerenciar intrinsecamente a infraestrutura de computação subjacente. Em um dos primeiros casos de utilização interna, a equipe de produtos da Microsoft está usando-o para implementar e gerenciar o modelo GPT-3 para oferecer novas funcionalidades aos usuários do Power Apps.

A equipe também adicionou filtros para ajudar a detectar conteúdo sensível ou inadequado em todos os resultados que podem retornar. O fato de o modelo nesta circunstância estar gerando fórmulas de Power Fx prescritas torna os resultados não intencionais menos prováveis do que, por exemplo, pedir que ele gere a resposta a uma pergunta aberta, disse Lamanna.

E da mesma forma que você digita uma pergunta em um mecanismo de busca e decide em qual resultado clicar, o GPT-3 retorna várias sugestões de fórmulas do Power Fx. A pessoa que desenvolve o aplicativo escolhe o mais apropriado para usar.

“Em todos os casos, existe a intervenção humana”, disse Lamanna. “Isso não significa substituir desenvolvedores, mas sim encontrar os próximos 100 milhões de desenvolvedores no mundo”.

 

Jennifer Langston escreve sobre pesquisa e inovação da Microsoft. Siga-a no Twitter.

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