Inteligência Artificial: Lição 1 – Uma tecnologia que expande nossas habilidades

Por Fabio Scopeta //

Quando falamos sobre Inteligência Artificial (IA), precisamos pensar nela como a tecnologia que busca expandir as habilidades cognitivas das pessoas. A IA foi criada para oferecer às pessoas acesso ao conhecimento e insights sobre grandes volumes de dados. Permite resolver problemas complexos, de escala global, e pode ser usada por qualquer área ou ambiente nos quais as pessoas estão. É claro, também pode ser utilizada para tarefas triviais (mas que consomem tempo), como marcar uma reunião.

Não é ficção científica; já é uma realidade que faz parte de nossas vidas pessoais e profissionais. Desde plataformas que transmitem filmes e serviços de transporte pessoal como o Uber até bots de engajamento com os clientes ou assistentes pessoais como a Cortana, que nos conhecem, nos entendem e nos ajudam diariamente. A IA permite que trabalhemos mais naturalmente com máquinas para ser mais eficientes. Permite que façamos mais (e menos também).

A Microsoft tem uma história rica nesse campo, que começou no início dos anos 1990, com muitas contribuições à IA após a criação da Microsoft Research. Um exemplo recente foi a conquista de “paridade humana” em reconhecimento de fala, com o sistema apresentando uma taxa de erros comparável à dos profissionais de transcrição de áudio. Foi uma grande conquista e veio do investimento na crença de que a fala será a próxima fronteira nos esforços para criar uma computação mais pessoal.

Por quase três décadas, a empresa desenvolveu tecnologias que podem reconhecer imagens e fala quase tão bem quanto uma pessoa. Essa tecnologia é o condutor de avanços como traduções em tempo real, fábricas mais seguras com máquinas que podem distinguir entre um produto manufaturado e um braço humano, diagnósticos mais precisos – ou antecipados – por meio de sistemas que ajudam os médicos a identificar anomalias em imagens complexas ou veículos autônomos que podem reconhecer a diferença entre uma bola quicando na rua e uma criança.

Um importante ponto a destacar é que o propósito da Inteligência Artificial não é substituir a força de trabalho ou causar prejuízos à humanidade, mas amplificar nossas habilidades para que possamos resolver os mais incômodos problemas do mundo. Percebemos que há preocupações sobre isso, mas temos a responsabilidade e o compromisso de reduzir esses riscos com princípios éticos e de design:

  • A IA deve ser transparente – Devemos estar atentos em relação a como a tecnologia funciona e quais são suas regras. Não queremos apenas máquinas inteligentes e sim máquinas inteligíveis. Não apenas Inteligência Artificial, mas Inteligência Simbiótica. A tecnologia saberá de muitas coisas sobre as pessoas, mas as pessoas precisam conhecer a tecnologia. Devem compreender como a tecnologia vê e analisa o mundo.
  • A IA deve maximizar eficiências sem destruir a dignidade das pessoas – Deve preservar os compromissos culturais e empoderar a diversidade. O setor de tecnologia sozinho não deve ditar os valores e virtudes desse futuro.
  • A IA deve ser projetada para a privacidade – Proteções sofisticadas para informações pessoais e corporativas de forma a garantir a confiança.
  • A IA deve ter responsabilidade algorítmica para que as pessoas possam evitar danos não-intencionais. Devemos projetar essas tecnologias para o esperado e o inesperado.
  • A IA deve ser protegida contra o preconceito, garantindo pesquisas adequadas e representativas para que heurísticas erradas não possam ser utilizadas para discriminar.

O portfólio de IA da Microsoft é o mais amplo, mais variado e – em muitos aspectos – o mais maduro do mercado, e acreditamos na democratização de seu acesso para todos. Já estamos fazendo isso de duas formas: ao colocar a IA em tudo que fazemos – da Cortana no Windows aos novos recursos inteligentes do Office 365 – e ao fornecer a plataforma Intelligent Cloud, também conhecida como Azure, e seus muitos recursos de Cognitive Services e Machine Learning, na qual a tecnologia está disponível para que qualquer desenvolvedor, empresa ou governo possa construir sua própria aplicação com a mesma simplicidade de brincar com Lego. É uma plataforma aberta que busca democratizar, para que todos nós possamos nos beneficiar.

Nessa nova era – conduzida pela combinação de um poder computacional quase ilimitado na nuvem, a digitalização do mundo e os avanços na forma como os computadores podem usar as informações e dados para aprender e entender como as pessoas agem – a IA surge como um aliado das pessoas para fazer sentido no mundo. Ela aumentará as habilidades humanas e criará enormes benefícios para resolver alguns dos principais problemas mundiais.

A Inteligência Artificial é uma realidade e se tornará parte de nossas vidas. Eu realmente acredito que fará nosso trabalho melhor ao aproveitarmos a IA de mais e melhores formas.

Fabio Scopeta é Diretor de Inteligência Artificial da Microsoft América Latina.

 

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