Pesquisa da PwC encomedada pela Microsoft mostra que a adoção de IA será responsável por ajudar no desenvolvimento de setores e na preservação do meio ambiente
São Paulo, 22 de abril de 2019 – O estudo “Sizing the Price of AI” (“Medindo o preço da IA”, em português), feito pela PwC sob encomenda da Microsoft, uma das maiores companhias de auditoria e consultoria do mundo, demonstrou, pela primeira vez, o potencial de utilizar Inteligência Artificial (IA) para transformar empresas e setores, a fim de reduzir os impactos ambientais no mundo. O relatório faz parte da visão da Microsoft de adotar uma abordagem de tecnologia com o objetivo de impulsionar resultados, acelerar o progresso e criar um futuro sustentável e próspero. Segundo a pesquisa, a IA poderá contribuir em mais de US$ 15,7 trilhões para a economia global até 2030, um crescimento de cerca de 4,4% se comparado ao número atual.
Se o uso de IA for aprimorado, existe uma estimativa de redução na emissão de gases de efeito estufa de até 4,0%, uma quantidade equivalente a 2,4 Gt (bilhões de toneladas) de CO2 – valor equivalente às emissões anuais da Austrália, Canadá e Japão juntos.
A consultoria avaliou quatro setores críticos para a economia: agricultura, água, energia e transporte – incluindo os “de difícil redução”, como químico, aviação e marítimo e ação e cimento –, verificando a velocidade e a escala potencial de impacto, desde mudanças climáticas à rápida perda de biodiversidade, situação hídrica, esgotamento de recursos e segurança alimentar. Os benefícios de produtividade de aplicações de IA dentro desses setores podem gerar um salto na economia global, produzindo um ganho potencial de até US$ 5,2 trilhões. A análise abrange estimativas do PIB, emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), bem como o provável impacto sobre o emprego em escala global, em sete regiões (América do Norte, Américas do Sul e Central, Europa, Ásia, Oriente Médio e Norte da África, África Subsaariana e Pacífico).
De acordo com a pesquisa, os setores de agricultura e água, por exemplo, possuem um papel vital em preservar mais amplamente a saúde dos sistemas naturais da Terra, incluindo qualidade da água doce e dos oceanos, florestas, além de impactos relacionados à segurança dos alimentos e abastecimento de água. A análise considera que utilizar ferramentas de IA para o planejamento do preparo e uso da terra, por exemplo, pode reduzir as emissões de gases em mais de 160Mt CO2 até 2030, sendo possível produzir mais alimentos e ajudar a proteger os recursos naturais.
As tecnologias de previsão também podem reduzir o consumo de eletricidade. Um dos maiores desafios do mundo moderno é fornecer energia acessível e confiável para todos, minimizando o impacto negativo na Terra, como as emissões de Gases de Efeito Estufa e a poluição do ar. A utilização de IA nesse setor trará um impacto no PIB global (2,2% até 2030) e nas emissões de GEE. O estudo estima que ela possa desempenhar um papel vital na redução e na busca de alternativas para a produção de carbono.
Além disso, o relatório mostra que 32 milhões de hectares de floresta poderiam ser salvos globalmente até 2030 se os governos maximizassem o uso da IA no apoio à aplicação de leis. Isso resultaria na redução de 29 Gt (bilhões de toneladas) de CO2 e nas emissões de gases, incluindo benefícios mais amplos das florestas para gerar suprimentos de água, fomentar a biodiversidade e conservar espécies. Por exemplo, a IA pode analisar dados de satélites e sensores terrestres para monitorar as condições da floresta em tempo real e em ampla escala, fornecendo sistemas de alerta preditivos para investigação de desmatamento ilegal.
A utilização de IA também permite facilitar e acelerar a implantação de sistemas de transporte sustentáveis. Essas aplicações podem oferecer aumentos substanciais na produtividade da mão de obra e de capital no setor de transportes devido a seus efeitos de automação associados – movimentação de outros setores. Espera-se que as alavancas de IA nos transportes gerem o segundo maior impacto de PIB e GEE (1,7% em relação ao período de referência em 2030). É importante ressaltar que esse setor representa entre 20% e 30% do consumo global de energia e das emissões de CO2.
O estudo revela que, como parte dessa preservação ambiental, a qualidade do ar também melhoraria. A poluição é um dos maiores riscos ambientais para a saúde humana, e por meio da inteligência artificial seria possível fornecer alertas precoces mais precisos sobre a baixa qualidade do ar, por exemplo. Na análise, a consultoria estima que o uso da IA para melhora desse problema poderia reduzir custos e impactos na saúde em US$ 150 milhões, globalmente, em 2030.
De acordo com a consultoria, existem cinco princípios para desbravar o potencial da IA para o meio ambiente, são eles:
- Facilitar o conhecimento, alinhamento de valores, colaboração e parcerias multidisciplinares, incluindo cientistas, sociedade, governo, entre outros.
- Garantir que será possível iniciar “A IA responsável” e estender essa aproximação prioritária para incluir ao impacto na sociedade e no meio ambiente.
- Endereçar as necessidades da infraestrutura digital, acesso às ferramentas e dados de IA, além de outras tecnologias complementares.
- Promover oportunidades e treinos para aprimoramento e requalificação para se adaptar às transformações setoriais.
- Reforçar P&D para pesquisa e escalabilidade para desenvolvimento comercial.
Recorte regional
Segundo o estudo, estima-se que Europa, América do Norte e Ásia Oriental terão um ganho alto no PIB caso adotem IA para inovar. Atualmente essas regiões possuem um PIB total de US$ 1 trilhão. A pesquisa identificou que os impactos das emissões de gases também se espalharam de forma desigual pelas regiões. A redução estimada de gases de efeito estufa na América Latina e, também, na África Subsaariana é relativamente pequena, tanto em termos absolutos quanto em termos percentuais. Existem duas razões potenciais: em primeiro lugar, estas regiões são menos industrializadas, e a eficiência do combustível fóssil nos transportes e energia tem um impacto menor; em segundo lugar, espera-se que adotem a IA a um ritmo mais lento e, como resultado, parte da eficiência alcançada em outras regiões resultaria em um efeito de demanda sobre seus produtos.
No entanto, essas localidades estão propícias a ganhar em curto e médio prazo, pois possuem uma oportunidade substancial para fazer com que a infraestrutura e a força de trabalho estejam mais prontas para os avanços tecnológicos por meio do suporte do governo e foco em investimentos. Na pesquisa, dois fatores importantes estão sendo considerados: o primeiro é que quanto mais as emissões de Gases de Efeito Estufa vão sendo reduzidas globalmente, com a adoção de IA e outros meios, mais a economia dessas regiões será reforçada por meio de impactos evitados; segundo, por meio de investimento direcionado em aprimoramento e infraestrutura digital nessas regiões, há uma grande oportunidade dessas nações serem mais desenvolvidas e excederem as expectativas, tendo tanto ganhos econômicos quanto ambientais.
IA e os empregos no futuro
Segundo a pesquisa, a inserção da tecnologia também seria capaz de dar um rumo diferente ao que diz respeito à criação de empregos. Estima-se que de 18,4 a 38,2 milhões de novas colocações no mercado de trabalho sejam criadas até 2030 – o equivalente ao número de pessoas empregadas atualmente no Reino Unido. Ou seja, a IA poderá permitir aos sistemas futuros serem mais produtivos tanto para a natureza quanto para a economia. O estudo avalia que a inteligência artificial alterará significativamente a natureza dos empregos, mas a tecnologia não substituirá a função humana.
Para outras indústrias, a demanda por trabalho humano aumentará para algumas ocupações, mas diminuirá para outras. De acordo com o relatório, por exemplo, os setores de agricultura, florestamento e pesca esperam uma redução de empregos. Contudo, haverá a criação de novos em funções de habilidades gerenciais e profissionais que representam atualmente apenas uma pequena porcentagem na parcela de empregos setoriais – 1,6% globalmente. Isso exigirá que empresas e governos ofereçam apoio aos trabalhadores deslocados e que forem afetados por esses avanços tecnológicos para recomeçar e iniciar novas carreiras.
A adoção de inteligência artificial para o meio ambiente precisará de maior colaboração entre aqueles que criam e conhecem as ferramentas de IA. Além disso, é necessário que os usuários da indústria, academia e governo entendam os problemas e sistemas reais que precisam ser abordados. Em última análise, a IA só atingirá todo o seu potencial para a sociedade e o planeta se houver uma responsabilidade compartilhada para moldar o seu futuro, além dos sistemas e modelos de negócio que a tecnologia sustenta.
Para que esses esforços tenham valor e comecem a mudar a sociedade e o mundo no qual vivemos, é preciso iniciar uma conversa sobre o assunto, voltando a atenção para investimentos em tecnologia com o objetivo de enfrentar essas mudanças. Essas resoluções devem ser tomadas rapidamente para a sociedade e para o planeta.