No Brasil, um terço dos casos de crimes online envolve parentes, amigos ou conhecidos

A internet já se tornou parte imprescindível do dia a dia da grande maioria dos brasileiros, mas ainda há muito a ser feito no que diz respeito à prevenção de riscos online. Ciente desse cenário, a Microsoft realizou no ano passado um estudo que analisou os comportamentos de risco online em 23 países, incluindo o Brasil. Foram entrevistadas 11.600 pessoas, entre jovens de 13 a 17 anos e adultos de 18 a 74 anos, que responderam perguntas sobre 23 tipos de risco online. Em cada país, ao menos 500 pessoas participaram, sendo 250 de cada grupo.

No estudo realizado pelo Telecommunications Research Group, para a Microsoft Corporation, o Brasil ficou na 13ª posição no que diz respeito à exposição a riscos digitais, com um ICD (Índice de Cidadania Digital) de 71%. Um dos pontos que mais chamaram a atenção nesta edição foi o fato de que em 30% dos casos ocorridos no Brasil, as vítimas de crimes cibernéticos tinham contato pessoal com o responsável, contra 36% no mundo, e 57% das pessoas conheciam o algoz de alguma maneira, presencial ou virtualmente.

Entre os riscos online mais comuns, os contatos indesejados lideram a lista, mencionados por 51% dos entrevistados. Solicitações envolvendo sexo vêm em segundo lugar, citadas por 23% dos participantes da pesquisa, enquanto 21% deles afirmaram ter sofrido algum tipo de fraude.

De acordo com os resultados, os maiores riscos online para os brasileiros são:

  1. Contatos indesejados (51%)
  2. Solicitações sexuais (23%)
  3. Fraudes (21%)
  4. Recebimento de mensagens sexuais indesejadas (21%)
  5. Assédio online (não sexual) (20%)

Faixa etária: um fator de risco

O levantamento da Microsoft revelou que, no Brasil, o grupo dos jovens com idade entre 18 e 34 anos, foi o mais exposto aos riscos (81%), o segundo maior índice no mundo. Uma possível explicação para essa realidade é o fato de que os jovens chamados millenials foram os primeiros a crescer no ambiente digital e por isso não temem os riscos. Entre os entrevistados, 51% demonstraram extrema ou muita preocupação com riscos digitais, enquanto 23% não se enxergam ameaçados.

O estudo considera como assédio os seguintes tipos de comportamento online: assédio (ofensas online, excluindo conteúdo de cunho sexual), contatos indesejados, mensagens sexuais indesejadas, cyberbullying ou misoginia. Entre as mulheres entrevistadas, 65% relataram algum tipo de abuso, em paralelo a 58% dos homens. Segundo o levantamento, os adultos foram os mais afetados por esses casos, relatados por 66% dos entrevistados. Entre os jovens, o índice é de 58%.

As consequências das diferentes formas de assédio foram piores para as mulheres. Segundo o levantamento, elas são 10% mais propensas a perder a confiança em pessoas no ambiente off-line em comparação aos homens. Dos jovens, 39% enfrentaram depressão após casos de assédio digital, enquanto 59% perderam a confiança nas pessoas no ambiente off-line.

Preocupação com o comportamento digital

Apesar dos problemas enfrentados na Internet, os brasileiros se destacaram no quesito comportamento digital. Entre os entrevistados, 82% demonstraram preocupação em tratar o próximo com respeito e dignidade, contra 71% na média global. Mais da metade dos entrevistados (55%) declararam-se confiantes em gerenciar os riscos online. Ainda, 46% afirmou saber onde buscar ajuda quando necessário.

A conscientização digital foi maior entre as mulheres – 88% das entrevistadas afirmaram refletir antes de responder a conversas das quais discordam, em comparação a 63% dos homens. Na pesquisa, o maior índice de civilidade digital ocorreu entre os usuários de 50 a 74 anos – por exemplo, 92% afirmam tratar pessoas com respeito no ambiente online.

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