Passados os furacões, as Ilhas Virgens Americanas dão boas-vindas à ajuda da nuvem na recuperação

Vista das Ilhas Virgens Americanas

Dias após a chegada da segunda tempestade, sua voz se espalhou pelo mundo.

A professora aposentada, exibindo sinais de demência, estava sozinha em casa em setembro de 2017. Ao seu redor: prédios sem telhados, árvores sem folhas, rede elétrica sem energia e pelo menos cinco mortos nas Ilhas Virgens dos Estados Unidos.

Enquanto o céu clareava, ela chamava seu gato. Foi então que uma pessoa ouviu seu apelo e encontrou a professora.

“Aquilo partiu meu coração,” diz Pauline Dawes, coordenadora de treinamento do Departamento de Serviços Humanos (DHS) das Ilhas Virgens Americanas. “Ela personificava o que o DHS tem como objetivo, que é assegurar que os indivíduos da nossa comunidade não caiam nesses buracos.”

Os furacões Irma e Maria, cada um com ventos de mais de 280 km/h, assustaram o Caribe durante 14 dias. As tempestades causaram danos a cerca de 90 por cento dos prédios de St. Croix, St. John e St. Thomas – as três ilhas principais que compõem as Ilhas Virgens, onde uma a cada quatro pessoas já viveu na pobreza.

Quedas de energia fizeram com que alimentos refrigerados estragassem nas casas e lojas das ilhas. No mês seguinte, os residentes sobreviveram alimentando-se de produtos enlatados e refeições militares prontas para comer (MREs). Milhares de pessoas, incluindo a professora aposentada, precisaram de alimentos frescos e outras provisões nutricionais, uma tarefa fundamental que foi atribuída à Divisão de Assistência Familiar do DHS.

Essa agência, integrante do governo das Ilhas Virgens Americanas, trabalha com o Programa de Assistência Nutricional Complementar em Desastres, o D-SNAP, que fornece assistência alimentar a comunidades necessitadas após desastres naturais. Porém, sem eletricidade e com moradores espalhados em dúzias de ilhas, o processamento de pedidos de auxílio e a distribuição de ajuda federal impuseram um enorme desafio logístico.

“Precisamos comprovar (ao governo federal) que tínhamos um sistema que funcionaria,” diz Dawes.

A mais de 3.218 quilômetros de distância, funcionários da RedMane, empresa de software de Chicago e parceira de tecnologia da Microsoft, monitorou a crise. A RedMane já estava trabalhando com autoridades governamentais nas Ilhas Virgens para modernizar o sistema que emite benefícios federais a pessoas carentes.

“Naquele período, eu viajava para lá a cada duas semanas por dois anos e fiz alguns bons amigos”, diz Bob Borneman, gerente de negócios da RedMane para o DHS das Ilhas Virgens. “Grande parte da nossa equipe também passou um tempo considerável com a equipe do DHS em reuniões de projetos ao longo de um ano, conhecendo-a em um nível pessoal.”

Depois que os moradores das Ilhas Virgens recuperaram o serviço de telefonia celular, Borneman e sua equipe reconectaram-se com os colaboradores do DHS, perguntando o que precisavam e o que a RedMane poderia fazer para ajudá-los depois das tempestades.

Os primeiros grandes pedidos: rádios e ventiladores a pilha. Os rádios ajudaram os funcionários do governo na comunicação com os cidadãos, instruindo-os sobre onde ir para a alimentação diária e fornecendo atualizações sobre o progresso de restauração da eletricidade e outras instalações.

“Os ventiladores eram necessários porque, sem eletricidade, não havia ar-condicionado. Além disso, como a umidade estava muito alta, havia um problema crescente com mosquitos”, diz Borneman. “Realmente nos sentimos desamparados sentados no nosso escritório em Chicago e em outros lugares apenas vendo as notícias sem poder fazer nada.”

Casa sem janelas nas Ilhas Virgens Americanas
Casa danificada pelos furacões nas Ilhas Virgens Americanas

Mas a equipe da RedMane logo concebeu uma solução tecnológica para que os colaboradores do DHS fornecessem benefícios emergenciais com segurança: a nuvem.

“Trouxemos a Microsoft para contribuir nesses esforços”, diz Borneman.

Em três semanas, com o Microsoft Azure e o Azure Government, a RedMane desenvolveu um sistema em sua plataforma mCase para processar aplicações D-SNAP, enviando as transações a moradores via cartões de Transferência Eletrônica de Benefícios (EBT). Os moradores puderam, então, usar esses cartões em lojas aprovadas para comprar comida.

“Não havia outra maneira fácil de obter benefícios do D-SNAP para as pessoas em tão pouco tempo”, afirma Borneman.

A RedMane também trabalhou com a Microsoft para doar ao governo das Ilhas Virgens US$ 30.000 em processamento de nuvem por meio do programa Azure Grants do Microsoft Services Disaster Response. Essa iniciativa fornece recursos de nuvem para ajudar comunidades carentes.

“As doações permitiram que criássemos um sistema sem muita papelada. Isso funcionou instantaneamente após algumas horas pedindo o carregamento da nuvem”, diz Borneman. “Como a solução do D-SNAP na mCase era móvel e baseada em nuvem, poderia funcionar em locais remotos. Isso nos permitiu configurar pontos de aplicação em todas as ilhas do território.”

Usando esse sistema, as autoridades das Ilhas Virgens acabaram fornecendo mais de US$ 25 milhões em ajuda a quase 60.000 pessoas em todo o território.

Os parceiros fornecedores de hardware da Microsoft também doaram 60 tablets e laptops para que os funcionários das Ilhas Virgens Americanas pudessem acessar os aplicativos D-SNAP baseados no Azure. A RedMane organizou um laboratório para testar, preparar e embalar os dispositivos em gabinetes robustos para envio às ilhas.

“Estávamos todos empolgados”, conclui Borneman, “por encontrar uma maneira de ajudar.”

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