Quer produzir mais? Pense na sustentabilidade

As lições de negócios que a sustentabilidade ambiental pode ensinar 

 

Há uma indústria voltada para a ideia da produtividade máxima: livros, cursos, podcasts, newsletters. Mas, às vezes, ver um tópico familiar através de uma lente diferente pode desbloquear novos insights. 

As empresas operam sem priorizar a sustentabilidade há muito tempo. Isso está mudando: de acordo com uma pesquisa recente da EY, 99% dos CEOs afirmam considerar governança ambiental, social e corporativa em suas estratégias de compra. Fazer o que é certo não é o único motivo dessa mudança nos negócios; práticas de negócios sustentáveis realmente tornam as empresas mais produtivas. É um investimento de longo prazo que garantirá que todos nós tenhamos negócios para administrar por anos no futuro. 

Mas a Dra. Kaitlin Mattos, cientista ambiental do Fort Lewis College que estuda a relação entre sustentabilidade e bem-estar humano, explica que os paralelos são ainda mais profundos. Um exemplo claro é o ditado “reduzir, reutilizar, reciclar”. Nesse mantra, há uma razão pela qual “reduzir” vem primeiro. Reduzir resíduos e emissões é a forma mais eficiente de priorizar a sustentabilidade. O mesmo princípio se aplica à sustentabilidade da produtividade no trabalho, já que reduzir burocracia, reuniões desnecessárias e outras ineficiências libera os trabalhadores para se concentrarem em seu trabalho. 

Abaixo estão quatro outras lições que podemos tirar do campo da sustentabilidade ambiental para olhar a produtividade de uma maneira totalmente nova. 

Descansar é fundamental

Na agricultura, deixar um campo descansar por uma temporada faz parte do processo de cultivo. “Um campo não pode ser cultivado continuamente, porque as coisas que fazem as plantas crescer são água, luz do sol e nutrientes no solo”, diz Mattos. “Se você está tentando colher e plantar outra vez sem permitir que esses nutrientes e as partes biológicas do solo descansem e se recuperem, em algum momento a produção vai começar a diminuir”. 

Os trabalhadores precisam de pausas para permitir que seus nutrientes internos – especialmente aqueles que estimulam a criatividade e a inovação – se recuperem. 

Isso também vale para as pessoas. Quando os funcionários trabalham sem férias ou pausas, isso coloca sua produtividade em risco. Assim como um campo de soja, os trabalhadores precisam de pausas para que possam se recuperar – especialmente aqueles que estimulam a criatividade e a inovação. Os líderes devem treinar os gerentes para garantir que seus funcionários tirem dias de férias e limitem o trabalho de fim de semana. Os gestores também precisam entender o que está acontecendo com funcionários que costumam trabalhar até tarde. Embora possa ser difícil convencê-los de que devem pedir menos de sua equipe, isso aumentará os resultados a longo prazo. 

Correções rápidas não funcionam a longo prazo

Vamos continuar com a metáfora do campo. Lá, o fertilizante é frequentemente usado como um atalho para colher o máximo do solo. Da mesma forma, pode ser tentador acalmar os funcionários esgotados com pequenas recompensas, como oferecer biscoitos na reunião da manhã. Embora esses gestos possam ajudar, eles não devem ser a única maneira de os gerentes combaterem o esgotamento. Mattos alerta que, sem folga real, esses “jeitinhos” escondem problemas sérios. Com o tempo, “você vai tirar cada vez menos desse solo”. 

A diversidade é vital

Em um ecossistema, maior biodiversidade – isto é, a variedade de vida – permite mais resiliência, estabilidade e produtividade. Isso vale para a produtividade no local de trabalho, diz Bonnie Lei, líder de justiça ambiental e ecossistemas da Microsoft. Em um estudo de 2021 no Academy of Management Journal, os pesquisadores descobriram que um aumento de 1% na diversidade racial nas gestões superior e inferior aumentou a produtividade de uma empresa de tecnologia em US$ 729 por funcionário. Para empresas da Fortune 500, a produtividade aumentou em US$ 1.590 por funcionário. 

Ignorar é pior

Durante anos, poucas pessoas se preocuparam com as toneladas de emissões de carbono poluindo a atmosfera. Agora, estamos à beira de um desastre climático. “Há uma analogia semelhante com sobrevivência e bem-estar no local de trabalho”, diz Mattos. “Você pode agir como se o bem-estar de seus funcionários não importasse. Mas importa. E ignorá-lo não muda isso.” Quanto mais tempo isso for ignorado, pior (pense em grandes erros ou em um turnover altíssimo). É uma lição que muitas empresas estão aprendendo à medida que o Great Reshuffle (ou Grande Reorganização, expressão em inglês usada para a onda de pedidos de demissão nos EUA entre 2020 e 2021) abala o mercado de trabalho. E é uma lição que, se tudo der certo, vai ficar. 

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