Recuperando-se para reimaginar a educação: O caminho das escolas latino-americanas rumo à aprendizagem híbrida

Edu For Change

Por Federico Rodriguez

No Fórum de Educação para América Latina, as instituições de ensino da região compartilharam suas experiências, aprendizados e ensinamentos durante a pandemia para impulsionar a aprendizagem dos alunos por meio da tecnologia.

 O surto de COVID-19 trouxe consigo grandes mudanças na forma como nos comunicamos, trabalhamos e aprendemos. Todos os setores sentiram o impacto da pandemia e, entre elas, o setor educacional se encontrou frente ao desafio do distanciamento social e da substituição das aulas presenciais por um ambiente digital, onde professores, alunos e pais tiveram que trabalhar juntos para dar continuidade ao processo de ensino.

Quando o estado de emergência sanitária foi decretado, em março de 2020, instituições de ensino de todo o mundo enfrentaram a necessidade de mudar seu modelo educacional presencial e adotar novas tecnologias para iniciar imediatamente um modelo educacional digital. A América Latina não foi exceção. Escolas de toda a região tiveram que implementar ferramentas digitais e, praticamente da noite para o dia, começar a atuar de forma digital, manter seus professores e alunos seguros e continuar as aulas.

O papel que os professores desempenharam durante a pandemia foi essencial. Juntamente com a equipe médica e de linha de frente de enfrentamento da pandemia, os educadores tornaram-se heróis nestes tempos desafiadores, não apenas por seu trabalho com os alunos, mas também por sua capacidade de se adaptarem ao novo modelo de aprendizagem virtual e adotarem novas ferramentas para transmitir conhecimento da melhor forma possível.

Durante o Fórum de Educação para América Latina, organizado pela Microsoft Education e realizado digitalmente desta vez, esses temas foram discutidos com os líderes educacionais da região, incluindo os desafios da aprendizagem remota versus o surto de COVID-19 e as habilidades do futuro que os alunos precisam conquistar para serem bem-sucedidos.

O Fórum contou com a presença de Anthony Salcito, Vice-presidente Global de Educação da Microsoft; Luciano Braverman, Diretor de Educação da Microsoft América Latina, e dois painéis compostos por líderes educacionais da Argentina, Equador, Costa Rica, Brasil, México, República Dominicana, Chile e Colômbia.

Durante sua apresentação no fórum, Anthony Salcito falou sobre a importância de aproveitar as ideias e aprendizados adquiridos durante esses meses para trazê-las para o futuro e aplicá-las em um novo modelo de aprendizagem, que será híbrido, através da combinação de aulas presenciais e virtuais, para aproveitar ao máximo os benefícios que a tecnologia trouxe para a área educacional.

“Após a pandemia, a Educação deve mudar, e devemos aproveitar o valor da tecnologia para impulsioná-la na busca de melhorias.”

Novas habilidades para um novo mundo de trabalho

Atualmente, há uma lacuna de habilidades nos empregos que precisa ser preenchida. De acordo com a pesquisa State of the Workplace SHRM de 2019, 83% dos empregadores pesquisados encontraram dificuldades para contratar candidatos adequados nos últimos 12 meses, e 50% deles comentaram que a escassez de habilidades piorou nos últimos dois anos.

Por isso, é importante alinhar os alunos com as habilidades que permitem o acesso a essa força de trabalho e obtenção de empregos que permitam prosperidade. Essas novas habilidades não são necessárias apenas para os empregos de hoje, elas serão necessárias até mesmo para funções que ainda não existem, e para os quais os alunos atuais precisam estar preparados pois, segundo o LinkedIn, 800 milhões de pessoas precisam aprender novas habilidades para seus trabalhos até 2020.

Essa lacuna de habilidades precisa ser preenchida porque, de acordo com a Manpower, 40% dos empregadores relatam que a escassez de habilidades tem um forte impacto em seus negócios, e a Burning Class menciona que serão necessários 50 milhões de pessoas para preencher as vagas técnicas abertas até 2030. Os alunos devem aprender novas habilidades, como Blockchain, computação em nuvem, raciocínio analítico, inteligência digital, design da interface do usuário, análise de negócios, entre outras (que são algumas das habilidades que as empresas mais precisam em 2020 de acordo com o LinkedIn), além de habilidades intangíveis como a inteligência emocional, o pensamento crítico e a comunicação para acessarem o mundo do trabalho e prosperarem.

Segundo Anthony Salcito, deve haver um equilíbrio entre habilidades técnicas e sociais para que os alunos possam obter uma aprendizagem abrangente. Durante a pandemia, eles enfrentaram um cenário semelhante ao que enfrentariam no mundo do trabalho, usando as mesmas ferramentas utilizadas no trabalho, além de seguir um ritmo semelhante ao cotidiano dos escritórios, o que os levou a começar a adquirir essas habilidades que lhes permitirão prosperar.

“O uso da tecnologia na educação nos permite formar professores e alunos que impulsionarão a aprendizagem híbrida”

Desafios de aprendizagem remota versus o surto de COVID-19

Ariel Fiszbein, Diretor do Programa Interamericano de Educação para o Diálogo, foi responsável por moderar o primeiro painel do Fórum de Educação para América Latina, focando na questão da aprendizagem remota durante a pandemia e os desafios que a educação tem enfrentado, e como as instituições de ensino têm respondido de forma inovadora aos desafios.

O Reitor Eng. Héctor Aiassa, da Universidade Tecnológica Nacional (UTN) da Argentina; a Dra. Monserrat Creamer, Ministra da Educação do Equador; a Dra. Melania Brenes Monge, Vice-Ministra Acadêmica do Ministério da Educação Pública da Costa Rica; e a Dra. Deysiane Pontes, Coordenadora Pedagógica do Grupo Marista (Unidade Centro Norte) no Brasil, discutiram a adoção da educação remota em seus países, os desafios da falta de conectividade e as inovações que tiveram que realizar para enfrentar o desafio apresentado pela pandemia, e como adaptaram seu currículo à educação virtual.

  • A UTN usou o Microsoft Teams e o Office 365 para dar continuidade ao seu calendário acadêmico sem interrupções. Em 31 de maio a plataforma já contava com 18.804 usuários ativos e, de 1 a 6 de junho, celebraram a Semana de Engenharia através de eventos ao vivo envolvendo mais de 7.500 pessoas. Até o momento, são pelo menos 15 estudantes graduados via Teams.
  • O sistema educacional do Equador foi transformado digitalmente graças ao apoio das tecnologias Microsoft, para garantir o acesso à aprendizagem remota aos estudantes do país. Com o programa “Aprendamos Juntos en Casa”, foram oferecidas aulas através do Microsoft Teams para promover a construção de um modelo educacional voltado para o híbrido, onde é entregue a alfabetização digital que permite a redução da divisão digital. Para isso, a instituição criou mais de 4,3 milhões de usuários no Office 365, dos quais mais de 3 milhões foram habilitados em apenas 4 meses.
  • O Microsoft Teams foi a ferramenta escolhida pelo Ministério da Educação da Costa Rica para suas aulas virtuais. 80 mil professores foram treinados e um milhão de contas de alunos habilitadas no Teams, todas com o desafio de que apenas 50% dos alunos do país têm acesso à internet. Apesar disso, mais de 600 mil interações foram registradas na plataforma Teams, o que transformou o cenário educacional daquele país.
  • No Brasil, o Grupo Marista adotou o Microsoft Teams por considerá-lo ideal para o funcionamento da aprendizagem online, pois permitiu estender a educação ao vivo para mais de 30 mil alunos. Em apenas duas semanas, eles puderam levar todos os alunos a um ambiente 100% online, com o desafio de também formar professores no uso dessa ferramenta para enfrentarem essa nova realidade.

Todas essas instituições concordam que a aceleração da aprendizagem, a mudança do modelo educacional para um modo virtual de um dia para o outro e a adoção de ferramentas tecnológicas confiáveis e seguras permitiram que elas não perdessem de vista seus objetivos, superassem os desafios que a pandemia apresentou e treinassem seus professores para promover a aprendizagem híbrida.

“A tecnologia na educação maximizou habilidades ocultas de professores, alunos e pais”

Habilidades do futuro

Luciano Braverman, Diretor de Educação da Microsoft para América Latina, foi responsável por moderar o segundo painel do fórum, onde foi discutido o papel da tecnologia na educação, as oportunidades e conhecimentos adquiridos, o uso de novas tecnologias como Inteligência Artificial na educação, além do sucesso da educação virtual e tendências da educação com foco no mercado de trabalho.

Para este painel, a Dra. Lidia Camacho, Coordenadora Geral do @prende.mx na Secretaria da Educação Pública do México, além de Maria Lorraine Rodriguez de Ruiz-Alma, Diretora da Escola Showcase Notre Dame na República Dominicana; do Reitor Julio Castro Sepúlveda, da Universidade Andrés Bello, no Chile; e o Professor Manuel Acevedo, Presidente do Instituto Colombiano de Crédito Educacional e Estudos Técnicos no Exterior (ICETEX), discutiram suas experiências e conhecimentos adquiridos nessa nova realidade.

  • A Innovacción, em parceria com a Secretaria de Educação Pública do México, é um plano que faz parte do pilar de Habilidades para o Futuro, do plano “Inovar para o México”, uma iniciativa da Microsoft que busca contribuir para o desenvolvimento do país por meio da tecnologia. O plano busca o desenvolvimento de habilidades dos alunos para o uso de novas tecnologias, por meio de laboratórios especializados em importantes universidades públicas do país. Em sua primeira fase, a iniciativa teve mais de 40 mil alunos matriculados.
  • A Escola Showcase Notre Dame, que tem um relacionamento de mais de 10 anos com a Microsoft, passou 100% de seu currículo para um formato digital em apenas dois dias, beneficiando quase 500 alunos. Os professores receberam recursos de desenvolvimento profissional personalizados e agora utilizam estratégias instrucionais eficazes, bem como uma ampla variedade de modalidades de ensino e opções de implementação. O sucesso dessa metodologia tem sido tanto que, em recente pesquisa, mais de 98% dos pais decidiram manter o sistema de educação remota continuamente.
  • A Universidad Andrés Bello (UNAB), em conjunto com a Microsoft Chile, implementou um curso de Transformação Digital para Negócios. O curso busca antecipar as demandas que a indústria necessita das novas gerações de profissionais, preparando-os para superar os desafios da Transformação Digital utilizando as ferramentas e soluções da Microsoft, para adaptar e atender eficientemente às necessidades de seus alunos, que se desenvolvem em um mundo globalizado e dinâmico.
  • O ICETEX, na Colômbia, é uma entidade vinculada ao Ministério da Educação Nacional que, por meio de diferentes programas e serviços, promove o acesso ao ensino superior na Colômbia e em outros países. É uma entidade que promove a educação e sua função é garantir a empregabilidade. Atualmente conta com mais de 600 mil beneficiários de créditos de ensino superior.

Este painel foi desenvolvido em torno de como a nuvem, a proliferação de dados e a Inteligência Artificial impactaram as mudanças tecnológicas e criaram o início da Quarta Revolução Industrial, além de impulsionar habilidades humanas e técnicas. Na área de Educação, foi destacada a necessidade de as universidades usarem a tecnologia para que os alunos inovem, colaborem e empreendam.

Também foi comentado como a educação virtual promoveu uma maior colaboração por parte dos professores, além de impulsionar a criatividade e a inovação dos alunos e garantir uma melhor qualidade do conteúdo educacional. Além disso, eles destacaram como a educação virtual permitiu que as distâncias fossem reduzidas, os alunos aprendessem em qualquer lugar e impulsionassem as habilidades intangíveis, que são cada vez mais essenciais.

Tudo isso, em benefício dos alunos e suas chances de entrarem no mundo do trabalho, onde, segundo os palestrantes, já começaram a surgir novos empregos em áreas como Engenharia e Tecnologia da Informação, além de novas misturas de profissões tradicionais com habilidades da Quarta Revolução Industrial. A educação híbrida, eles concordaram, permitirá que os alunos desenvolvam as habilidades mais importantes para o futuro, seja para permanecer em seus empregos ou seguir em frente.

Aprendendo a aprender

Nos últimos meses, temos testemunhado uma aceleração na transformação digital tanto de empresas quanto de indivíduos. As empresas, a educação e a vida em geral tiveram que se digitalizar para navegar nesses tempos desafiadores.

A educação teve que ser reinventada rapidamente para que os alunos pudessem continuar aprendendo, para que os professores pudessem passar conhecimento de novas maneiras, e que os pais pudessem acompanhar seus filhos em sua educação.

Todos tinham que entrar nas telas e adotar uma nova forma de ensino e aprendizagem, que evoluiria para um novo modelo de aprendizagem híbrida, onde o presencial e o virtual se misturam para capacitar os futuros profissionais do mercado de trabalho. E nesta jornada para o futuro do emprego, a Microsoft sempre acompanhará professores e alunos, suportando-os com tecnologias que os ajudam a alcançar mais.

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