Tecnologia digital e a guerra na Ucrânia

*Por Brad Smith, Presidente e Vice Chair

 

Todos nós que trabalhamos na Microsoft estamos acompanhando de perto a trágica, ilegal e injustificada invasão da Ucrânia. Esta guerra se tornou cinética e digital, com imagens horríveis sendo distribuídas pelas redes, bem como ataques cibernéticos menos visíveis e campanhas de desinformação em massa na internet. Estamos questionando cada vez mais esses aspectos no nosso trabalho, e, por isso, estamos unificando neste texto um resumo breve sobre eles. O resumo inclui: proteger a Ucrânia contra ataques cibernéticos, proteção contra campanhas de desinformação patrocinadas pelo Estado, apoio à assistência humanitária e a proteção de nossos funcionários. 

Para começar, é importante notar que somos uma empresa e não um governo ou um país. Em momentos como este, é especialmente importante para nós trabalhar em conjunto com aqueles no governo e, neste caso, nossos esforços envolveram uma coordenação constante e estreita com o governo ucraniano, bem como com a União Europeia, as nações europeias, o governo dos EUA, a OTAN e as Nações Unidas. 

 

Proteção contra ataques cibernéticos 

Uma das nossas responsabilidades principais e globais como empresa é ajudar a defender governos e países contra ataques cibernéticos. Raramente essa função foi mais importante do que durante a semana passada na Ucrânia, onde o governo ucraniano e muitas outras organizações e indivíduos são nossos clientes. 

Horas antes do lançamento de mísseis ou da movimentação de tanques em 24 de fevereiro, o Centro de Inteligência de Ameaças da Microsoft (MSTIC) detectou uma nova leva de ataques cibernéticos ofensivos e destrutivos direcionados à infraestrutura digital da Ucrânia. Imediatamente aconselhamos o governo ucraniano sobre a situação, incluindo nossa identificação do uso de um novo pacote de malware (que denominamos FoxBlade), e fornecemos orientação técnica sobre medidas para evitar que o malware tivesse êxito. Dentro de três horas após essa descoberta, recomendações para detectar essa nova exploração foram escritas e adicionadas ao nosso serviço antimalware, o Defender, ajudando na defesa contra essa nova ameaça. Nos últimos dias, fornecemos informações sobre ameaças e sugestões defensivas às autoridades ucranianas em relação a ataques a uma série de alvos, incluindo instituições militares e fabricantes ucranianos e várias outras agências do governo ucraniano. Esse trabalho está em andamento. 

Esses ataques cibernéticos recentes e contínuos foram direcionados com precisão, e não vimos o uso da tecnologia de malware indiscriminada que se espalhou pela economia da Ucrânia e além das fronteiras do país no ataque Notpetya de 2017. Mas continuamos particularmente preocupados com os ataques cibernéticos recentes contra alvos digitais civis ucranianos, incluindo o setor financeiro, o setor agrícola, serviços de resposta a emergências, trabalhos de ajuda humanitária, bem como organizações e empresas do setor de energia. Esses ataques contra alvos civis levantam sérias preocupações no âmbito da Convenção de Genebra, e compartilhamos informações com o governo ucraniano sobre cada uma delas. Também os aconselhamos em relação aos recentes esforços cibernéticos para roubar uma ampla gama de dados, incluindo informações pessoais identificáveis (PII) relacionadas a saúde, seguros e transportes, bem como outros conjuntos de dados governamentais. 

Também continuamos compartilhando informações apropriadas com funcionários da OTAN na Europa e com autoridades americanas em Washington. Tudo isso se baseia em nosso trabalho nas últimas semanas e meses para enfrentar a crescente atividade cibernética contra alvos ucranianos, incluindo novas formas de malware destrutivo que já discutimos publicamente. Continuaremos compartilhando informações mais detalhadas quando identificarmos novos malwares que precisem ser compartilhados com a comunidade de segurança global. Também continuaremos atualizando constantemente todos os serviços da Microsoft, incluindo nosso serviço antimalware, o Defender, para ajudar a proteger contra qualquer potencial disseminação de ameaças a outros clientes e países. Nossos esforços mais amplos para observar os ataques cibernéticos estão em andamento, e continuaremos aconselhando os oficiais ucranianos de defesa cibernética e ajudando eles com suas defesas. 

 

Proteção contra desinformação patrocinada pelo Estado 

Como empresa, também estamos focados em proteger contra campanhas de desinformação patrocinadas pelo Estado, que há um tempo são comuns em períodos de guerra. Os últimos dias foram marcados por uma guerra cinética acompanhada de uma batalha bem orquestrada em curso no ecossistema de informações onde a munição é a desinformação, comprometendo a verdade e espalhando sementes de discórdia e desconfiança. Isso demanda esforços decisivos no setor de tecnologia, tanto individualmente por parte das empresas quanto em parceria com outros, e com governos, academia e sociedade civil. 

Estamos agindo rapidamente para tomar novas medidas para reduzir a exposição da propaganda estatal russa, bem como para garantir que nossas próprias plataformas não financiem essas operações acidentalmente. De acordo com a decisão recente da UE, a plataforma Microsoft Start (incluindo MSN.com) não exibirá nenhum conteúdo de RT e Sputnik patrocinado pelo Estado. Estamos removendo aplicativos de notícias de RT da nossa loja de aplicativos Windows e reclassificando ainda mais os resultados de pesquisa desses sites no Bing para que links de RT e Sputnik sejam retornados somente quando um usuário claramente quiser navegar para essas páginas. Por fim, estamos proibindo todos os anúncios de RT e Sputnik em nossa rede de anúncios e não colocaremos nenhum anúncio da nossa rede de anúncios nesses sites. 

Continuamos monitorando os eventos de perto e faremos ajustes contínuos para fortalecer nossos mecanismos de detecção e interrupção para evitar a disseminação de desinformação e promover um conteúdo independente e confiável. 

 

Apoio à ação humanitária 

Uma das consequências trágicas de todas as guerras é o impacto na população civil, incluindo indivíduos e famílias que se abrigam no local e pessoas deslocadas que fogem para outro lugar por segurança. Os últimos dias na Ucrânia deram um lembrete visível ao mundo do impacto humano que trabalhamos globalmente para ajudar a resolver em zonas de conflito no mundo todo. Nossas equipes da Microsoft Philanthropies e Assuntos da ONU trabalham em estreita colaboração com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e várias agências da ONU, e agimos rapidamente para mobilizar nossos recursos para ajudar o povo na Ucrânia. 

Estamos comprometidos em usar nossa tecnologia, habilidades, recursos e voz para ajudar nos esforços de resposta humanitária. Nosso foco inicial e imediato é o apoio a organizações humanitárias como o CICV que estão fazendo um trabalho crucial para ajudar a apoiar os refugiados que fogem para países vizinhos. Também ativamos a equipe de Resposta a desastres da Microsoft para fornecer suporte à tecnologia, e eles estão em contato frequente com socorristas adicionais para fornecer ajuda. 

Também estamos aproveitando outras partes dos negócios da Microsoft para ajudar o público a encontrar e fornecer apoio a organizações humanitárias. Novamente, também estamos encorajando e vendo uma generosidade gigantesca por parte de nossos funcionários nos Estados Unidos, na Europa e em todo o mundo através do programa de doação de funcionários da Microsoft. As doações de funcionários, juntamente com as contribuições correspondentes da Microsoft, estão atualmente focadas em ajudar a fornecer fundos para organizações sem fins lucrativos na linha de frente, incluindo o CICV, UNICEF e a Ação Humanitária Polonesa. Continuaremos trabalhando na empresa para mobilizar outros recursos conforme necessário nos próximos dias e semanas. 

 

Proteção dos funcionários 

A Microsoft tem funcionários espalhados pelo mundo todo, incluindo na Ucrânia, Rússia e no leste europeu. Também temos muitos funcionários de origem ucraniana e russa trabalhando em muitos outros locais, incluindo na Europa Ocidental e nos Estados Unidos. 

Como testemunhamos em outros conflitos recentes, vemos em nossos funcionários um vínculo comum e espírito humanitário que abrange fronteiras, anseia pela paz e se preocupa com o bem-estar uns dos outros, independentemente da nação em que nasceram ou do passaporte que possuem. A cada hora que passa, somos relembrados de que o mais sombrio dos dias também pode trazer à tona o melhor das pessoas, seja através de esforços ambiciosos para proteger contra ataques cibernéticos amplos ou de um pequeno gesto de bondade de alguém perguntando o que pode fazer para ajudar o outro. 

Como outras empresas multinacionais, a Microsoft é dedicada à proteção de seus funcionários. Isso é de importância óbvia e vital para nossos funcionários na própria Ucrânia e inclui esforços contínuos e extraordinários de nossas equipes para ajudar nossos funcionários e famílias, incluindo aqueles que precisaram fugir por suas vidas ou segurança. Isso também inclui nossos funcionários na própria Rússia, que não iniciaram esta guerra e não devem correr o risco de discriminação dentro ou fora de sua nação, seja por causa das ações de seu empregador para proteger os outros ou das decisões de um governo que eles não controlam. Também continuaremos focados no apoio aos nossos funcionários na região mais ampla, onde estamos monitorando a situação de perto. Como empresa, estamos sempre comprometidos com a proteção segura de nossos funcionários em todos os países, mesmo quando estes vivem em lados opostos de uma fronteira marcada por conflitos. 

À medida que olhamos para o futuro, é evidente que a tecnologia digital desempenhará um papel vital na guerra e na paz. Como tantos outros, pedimos a restauração da paz, o respeito pela soberania da Ucrânia e a proteção de seu povo. Não apenas olhamos, mas trabalharemos para um futuro no qual a tecnologia digital seja usada para proteger países e povos, ajudando a todos nós a tirar o que há de melhor um do outro. 

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