Por Mike Nelson, editor do Xbox Wire
Foi necessário fazer alguns sobrevoos e limpar a memória do layout de minha cidade natal, Kailua, no Havaí, mas posso relatar com sucesso que encontrei minha casa de infância enquanto passava sobre palmeiras em um Cessna 172, durante uma recente demonstração com o Microsoft Flight Simulator.
Toda vez que joguei uma nova versão do MSFS, procurar minha casa quase sempre foi a primeira atividade (depois de decolar, é claro). Em mais de 30 anos de “voo”, vi minha cidade natal se transformar de polígonos de quadrados em redes de terra e paisagens pixelizadas. Mas nunca fiquei tão convencido de que o que acabei de voar era meu verdadeiro lar. Ou a praia no fim da rua em que eu levava meu cachorro. Ou a escola primária onde eu ia de bicicleta. Tudo com detalhes tão precisos que me deixaram espantado com a aparência real (e precisa) de nosso mundo representado no novo Microsoft Flight Simulator.
Escala global
Usando uma combinação de dados globais de satélite, imagens aéreas do Bing, o poder da nuvem do Azure para criar uma representação visual de todo o planeta Terra (2 petabytes de dados, para ser preciso) e técnicas procedurais com algoritmos de aprendizado de máquina, desenvolvidos pela equipe que define onde gerar árvores, grama, superfícies do terreno e outros elementos com base em dados mundiais, tudo ajuda a dar vida a esse simulador de voo…não…do mundo.
É tão preciso que as Regras de Voo Visual (VFR, na sigla em inglês) são totalmente aplicáveis aqui. Ou seja, o mundo é recriado com tanta precisão que você, como piloto, pode navegar visualmente seguindo estradas, rios e lagos conhecidos para encontrar o seu caminho (AKA, aposto que você também pode encontrar sua casa). O que é surpreendente no MSFS é que tudo isso é reproduzido em escala global, permitindo que você realmente veja o mundo a partir do conforto do seu cockpit virtual.
Deseja chegar perto do Monte Fuji? Vá em frente. Voar ao longo da grande muralha da China? Claro que você pode. Passear pela Pacific Coast Highway? É melhor você acreditar. Hoje, O Microsoft Flight Simulator está se configurando não apenas como um exemplo de como criar um simulador de voo, mas também como uma ferramenta de aprendizado fantástica para a sala de aula e para aqueles que querem “ver” o mundo sem sair de casa. Está tudo aqui e é muito impressionante de ver.
Um parceiro perfeito
Dados de satélite são uma coisa, mas é a parceria com o Asobo Studio que realmente ajuda a dar vida ao Microsoft Flight Simulator. As técnicas de aprendizado de máquina, que eles desenvolveram, ajudam a aumentar o poder do Bing Maps e o do Azure para detectar elementos como a localização das árvores no mundo, adicionar edifícios esquecidos, explicar as cores dos telhados; tudo examinando os dados do Bing e, em seguida, usando o Azure para transmitir os dados em tempo real no Microsoft Flight Simulator para tornar o que você está vendo e sobrevoando o mais preciso possível. Isso significa que, enquanto você estiver voando, os dados serão transmitidos para a nuvem a partir do seu PC para ajudar a preencher todos os detalhes do solo, do céu e do clima.
Sim, ele se adaptará à sua largura de banda disponível. Portanto, se você tiver uma conexão rápida à internet, os dados serão transmitidos e atualizados muito mais rapidamente e mais próximos do tempo real. Mas se sua largura de banda for baixa, ele se ajustará automaticamente à quantidade de dados baixados para sua máquina. Você também terá a opção de fazer o pré-download das seções que pretende voar. Por exemplo, se você estiver traçando uma rota de Seattle para San Francisco, poderá fazer o download (pré-cache) de todos esses dados antes de decolar. Então, as técnicas da Asobo vão adiante e geram todos os detalhes do solo, como folhas de grama, ondas influenciadas pelo vento, luzes noturnas nas estradas, detalhes de construção – tudo isso ajuda a dar uma representação realista do mundo enquanto você o sobrevoa.
O céu é o limite
Obviamente, não se pode apenas falar sobre detalhes do solo quando se trata de um simulador de voo. Existe, é claro, o céu. Você sabe, aquela coisa pela qual estará voando. O que é impressionante aqui são todos os detalhes da simulação atmosférica, como a maneira como as nuvens se movem e reagem às montanhas, vales e colinas. Ou como o nevoeiro é gerado para criar camadas espessas e densas para você navegar.
Existem vários outros detalhes que ajudam a criar o céu no Microsoft Flight Simulator, como partículas, poluição, sombras das nuvens no chão; tudo isso ajuda a dar ao mundo uma aparência unificada e realista. Pode até render arco-íris, pois elementos como umidade, direção do sol etc. são todos baseados em física. É tudo bastante impressionante.
E temos a chuva, que também possui suas próprias propriedades físicas no jogo e reage à sua aeronave, dependendo de como você está “passando” por ela. Por exemplo, se você estiver no asfalto, verá gotas mais grossas grudando no para-brisa e pingando lentamente; aumente a velocidade e faça com que elas deslizem e modelem no próprio para-brisa.
Outros elementos finos ajudam a dar vida ao céu, como o ciclo diurno que leva em consideração tudo, desde a luz do Sol até a intensidade das estrelas e das luzes da cidade. Todos eles ajudam a fornecer uma representação realista no jogo, permitindo VFR à noite também.
Os pilotos podem optar por experimentar o clima em tempo real em qualquer local em que estiverem voando, e também podem personalizar o clima da forma que quiserem, sempre que quiserem, por meio de uma ferramenta suspensa na tela. Então, se você quiser, voe pelo céu azul claro por um minuto e tente navegar pela tempestade que está sobre sua casa, tudo pode ser ajustado rapidamente, sem precisar sair para o menu do jogo.
Jogando com essa configuração, descobri que ela me mantinha estimulado durante todo o tempo, experimentando uma variedade de eventos de voo em um curto período de tempo. Eu decolava em céu limpo, voava em meio a uma tempestade, depois virava à direita e aterrizava à noite, tudo em aproximadamente 10 minutos. Esse é um recurso impressionante e excelente para pilotos experientes que procuram um desafio rápido no meio do voo e para o jogador mais casual que deseja experimentar o máximo do clima o mais rápido possível.
Se não quebrar
O próprio simulador utilizará muito código herdado das versões anteriores do Microsoft Flight Simulator – não há razão para descartar anos de trabalho. Naturalmente, haverá vários ajustes para aproveitar os computadores mais poderosos. Então, coisas como a física no jogo são novas e reescritas a partir do código antigo, juntamente com atrito dinâmico e elementos do mundo, como fugas inclinadas, que agora são possíveis. Também haverá configurações “herdadas” se você preferir o desempenho da aeronave nas versões anteriores.
Foram reescritas também outras mudanças físicas no motor e na aerodinâmica. O ar não é apenas um vácuo pelo qual você voará. Você sentirá como sua aeronave levanta, arrasta ou desliza ao entrar em contato com ele, representando elementos como gelo nas asas, partículas de poluição ou como o vento se move entre edifícios ou copas das árvores. Sua aeronave responderá com precisão a tudo isso agora. E quando você toca o solo, os elementos de fricção da borracha para o asfalto também foram aprimorados, proporcionando uma sensação mais verdadeira de como é “aterrissar”.
Talvez o mais impressionante seja que cada peça do avião tenha suas próprias características dinâmicas e físicas. Desde a maneira como o ar viaja sobre as asas, até a forma do vidro do cockpit, até as abas, todos eles têm suas próprias características aerodinâmicas específicas para dar conta de levantar e arrastar. Tudo isso dá a você a sensação de ser empurrado para a esquerda e para a direita, para cima e para baixo, tudo com uma representação realista de como reagiria na vida real.
Tomando o assento
O cockpit é tão impressionante quanto os modelos externos da aeronave, tudo criado com materiais 4K de alta fidelidade. O interior do cockpit também responde a como a luz brilha através do vidro para afetar a aparência dos instrumentos, às vezes dificultando a leitura com base na posição do Sol em relação à aeronave. Todos os instrumentos agora têm suas próprias características físicas (ponteiros etc.) e somos informados corretamente durante o jogo, além da implementação de cockpits de vidro com telas interativas, sensíveis ao toque, para uma navegação precisa.
Mas uma das melhores implementações fáceis de usar acho que será o recurso de checklist interativa, para aqueles que querem aprender o que cada mostrador e cada chave faz no cockpit. E essas checklists se aplicam a cada variante do cockpit em que você entra (nem todos as chaves estão no mesmo lugar, por exemplo). Portanto, isso é ótimo para quem quer entender como iniciar uma checklist antes do voo em diferentes planos.
E aí está você. A cabeça balançando no cockpit. Não mais apenas um ponto de vista estático, a cabeça do piloto agora se inclina e se move em relação à maneira como sua aeronave está voando, fornecendo uma representação autêntica de estar no avião. É tudo muito convincente.
Existem três áreas principais que a equipe por trás do Microsoft Flight Simulator pretende se dedicar: realismo, precisão e autenticidade do voo. Com base em nosso extenso tempo de prática com a versão pré-alfa do título, está claro que eles estão no caminho não apenas para atingir todos esses objetivos, mas também para impressioná-los no céu. Este é realmente um dos simuladores de voo mais impressionantes que já joguei e mal posso esperar para visitar o mundo quando o Microsoft Flight Simulator for lançado na Microsoft Store e no Xbox Game Pass para PC no ano que vem.
