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Eficiência, transparência e aumento nas vendas: Como uma empresa nativa digital impulsiona a floricultura baseada em dados na Colômbia

Luisa Ortega é uma bióloga de formação, com um MBA e um mestrado feito na Holanda, com toda a sua vida dedicada às flores. Em seus 21 anos de experiência profissional, ela viu muitas mudanças na indústria, mas a mais importante delas foi a mudança na cultura do trabalho impulsionada pela tecnologia. 

Ela é responsável pela qualidade e processos pós-corte da GHT, empresa colombiana que presta serviços a mais de 40 empresas do setor floricultor que exportam milhões de flores por ano para as maiores redes varejistas e atacadistas dos Estados Unidos e Europa. Luisa construiu sua carreira profissional em um grupo de empresas independentes que comercializam flores por meio dos próprios canais. Para ela, o essencial nesta indústria é manter um nível de consistência e qualidade para que o produto chegue a tempo e bem apresentado aos clientes. 

De acordo com dados da Statista, a Colômbia é o segundo maior exportador de flores do mundo, atrás dos Países Baixos e acima do Equador, e a GHT, empresa onde Luisa Ortega trabalha, possui fazendas em ambos os países latino-americanos. De acordo com Ortega, eles podem despachar até um bilhão de flores por ano e, para alcançar esse número, é necessário contar com a tecnologia. 

“Quando você tem em um mesmo cluster mais de 40 empresas que competem e colaboram entre si, é preciso ter cadeias de suprimentos sincronizadas, manter certa qualidade, ter bons tempos de entrega e isso seria impossível sem tecnologia”, comenta Luis Suárez, vice-presidente de serviços empresariais e transformação na GHT. Estas 40 empresas empregam diretamente 20 mil pessoas na Colômbia, 70% das quais são mães ou chefes de família que costumavam trabalhar no campo com muitos problemas sociais. Graças à floricultura, encontraram uma maneira digna de desenvolver suas famílias e encontrar mobilidade social. 

28% das terras cultiváveis do mundo estão na América Latina e existem desafios importantes como a conectividade rural, o uso da água, o crescimento dos gases de efeito estufa e, finalmente, o impacto das mudanças climáticas, que já levam a uma redução de pelo menos 21% da produção mundial de alimentos. 

Nesse sentido, as empresas nativas digitais hoje democratizam o acesso à tecnologia para organizações de todos os portes e setores. Há 15 anos, a GHT trabalha em parceria com a Microsoft e utiliza sua tecnologia para desenvolver um sistema que integre sua cadeia de suprimentos. De acordo com Suárez, eles testaram diferentes soluções do Visual Studio, .NET, ferramentas para RPA, Power Apps, entre outras. “Somos pioneiros em Business Intelligence, este produto se tornou o oráculo da organização, chamamos de One Truth”, menciona Suárez sobre esta suíte de inteligência de negócios onde está centralizada toda a informação da GHT, com relatórios e dados de todas as fazendas. Para ele, a solução é um exemplo contundente de como democratizar a tecnologia em uma organização para impulsioná-la ao próximo nível. 

Mas antes de ter a One Truth, na GHT tudo era feito manualmente com lápis e papel. “O mais difícil foi tentar convencer as pessoas a deixarem estes instrumentos de lado e usarem os dados que viam na tela do computador”, comenta Ortega. O processo de abandonar a captura manual de dados e aproveitar a tecnologia para ter informações em tempo real e de boa qualidade levou tempo, mas ao encontrar um aliado estratégico que adotasse a mudança e gerasse resultados, a força de trabalho da GHT passou a implementar a tecnologia. 

Rastreabilidade para visibilidade completa 

Na floricultura, trabalha-se com um dos produtos mais perecíveis que existem, assim, os negócios deste setor podem ganhar muito ou perder muito. Suárez comenta que “se você não conseguir vender o produto em dois ou três dias, pode falir. Mas se vendê-lo antes desse tempo, pode ter margens muito altas de rentabilidade. A tecnologia ajuda a sincronizar a cadeia de suprimentos para alcançar os melhores resultados”. 

Graças à implementação da tecnologia, na GHT eles alcançaram uma rastreabilidade completa de todos os seus processos e agora são capazes de saber o que está plantado em cada fazenda, estar ciente caso tenha pragas e doenças nas estufas e até mesmo verificar uma estimativa de quanto será produzido. Eles têm visibilidade completa dos processos de produção, pós-colheita e venda. Além disso, conseguiram reduzir significativamente sua porcentagem de flores descartadas para se tornarem adubo. Antes, essa porcentagem era de 8% e agora, graças à implementação da tecnologia, eles descartam apenas 1%. 

“Vendemos sensações, sentimentos, então saber quais cores de flores temos em produção é de vital importância para o departamento de vendas”, menciona Ortega. Para ela, foi de grande ajuda contar com uma tecnologia que ajuda a garantir que apenas o que foi aprovado seja plantado, nas proporções que foram definidas previamente.  

Devido à qualidade e confiabilidade de seus produtos, a GHT é uma das três empresas do setor mais importantes nos Estados Unidos. De acordo com Suárez, suas flores estão presentes em algumas das maiores redes varejistas daquele país. Eles recebem pedidos dessas redes através de intercâmbio eletrônico de dados. Os clientes da GHT entram no leilão de acordo com os prazos exigidos pelo mercado ou até por meio de sistemas de inteligência artificial (IA) que informam quais ordens devem ser atendidas por quais empresas.  

Então, os pedidos são pré-atribuídos para que as empresas os vejam, confirmem, produzam e em menos de uma semana seus produtos estejam nas lojas ou nas casas das pessoas que os solicitaram. “Temos muita informação para entender oportunidades de melhoria e fazer um planejamento melhor. Se você tem um planejamento bem-feito, os imprevistos são mais fáceis de gerenciar”, comenta Ortega, que também destaca a importância de ter tudo documentado e que todos possam ver a mesma informação sem variações. 

Em uma semana podem chegar 50 aviões com 3.500 caixas cada um, distribuídos em pallets, essas caixas são então colocadas em hangares com refrigeradores. Cada pallet tem um dispositivo RFID que permite ter uma rastreabilidade completa do produto. Para Ortega, “a informação é como um doce, dá vontade de mais, de saber mais, de aproveitá-la mais”. Graças a essa rastreabilidade, eles também obtiveram melhorias no consumo de energia, já que as flores entram e saem dos hangares em pouco tempo devido à sincronização proporcionada pela tecnologia, então os refrigeradores são usados menos. Além da economia no consumo de energia eles também viram impactos favoráveis na satisfação dos clientes e na rentabilidade do negócio. 

A transformação digital da floricultura 

Para Suárez, a transformação digital é uma grande responsabilidade, pois não basta apenas ensinar processos, é preciso acompanhá-los com tecnologia para obter melhores resultados. “Gerenciar fazendas sem informação é impossível, sem os dados é muito complicado trabalhar”, comenta Ortega, que conta com 3 pessoas dedicadas a esse recurso. 

Atualmente, a GHT está trabalhando em um projeto focado em rosas. Este projeto tem a ver com o estado fenológico, cada uma das etapas pelas quais as flores passam ao longo do período vegetativo. Com a ajuda do Machine Learning, eles categorizam meio milhão de fotografias tiradas por drones de flores com diferentes estados fenológicos, para treinar o modelo e poder saber em quanto tempo os caules estarão prontos para o corte. Este projeto tem 85% de precisão para informar antecipadamente às equipes de vendas quando as flores podem ser vendidas, quando podem trazer pedidos e quando deixar os pedidos prontos. 

A tecnologia não só beneficiou a GHT, como também beneficiou o cliente final. De acordo com Suárez, a tecnologia aumentou a vida no vaso, o tempo que a flor cortada mantém suas qualidades decorativas e que termina quando aparecem sintomas claros de envelhecimento. “Quando uma pessoa compra suas rosas, elas duram pelo menos dez dias como novas. Com a tecnologia podemos massificar as previsões de produção e ter flores quase no momento certo para ganhar mais três ou quatro dias de vida no vaso”, menciona Suárez. 

Inovação: o caminho para a continuidade do negócio 

Na GHT, eles sabem da importância da inovação para a continuidade do negócio. Dentro da empresa eles têm equipes de implementação para desenvolver aplicativos que sejam fáceis de usar. A empresa tem uma área focada especificamente em baixo código, que visita as fazendas e treina sistemas de RPA (automação de processos robóticos), Power Apps, Power BI e outros, para permitir o desenvolvimento de soluções até mesmo pelas próprias pessoas das fazendas que não são profissionais de tecnologia. Depois, essas soluções de baixo código são implementadas no Web Flowers, a suíte central da companhia. 

“Em uma das fazendas, eles criaram um projeto chamado Paperless que permitiu acabar com todos os documentos em papel. Esse é apenas um exemplo de todas as coisas que as mais de 40 empresas fazem para resolver seus problemas individuais”, menciona Suárez. Graças a essa capacidade de inovação e à informação centralizada, eles são capazes de saber a idade da flor em todas as fazendas e podem gerenciar melhor seu corte e entrega. 

“Se a informação é só para você, pode se permitir erros ou decisões mal tomadas, mas ao ser acessível para todos, você deve capturá-la bem mantê-la atualizada”, finaliza Ortega, que também está ciente de que tudo impacta no resultado global e a tecnologia é um facilitador para melhorar o trabalho de todas as partes envolvidas no processo. 

A transformação digital da GHT foi um processo que começou de dentro para fora, eles começaram padronizando seus processos através da tecnologia e graças ao seu desenvolvimento, suas flores duram mais tempo nos vasos de seus clientes.