‘Magia da natureza’: casas inteligentes de passarinho revelam a vida secreta dos Martins Roxos na Disney

Conheça os Martins. Os ninhos vazios ficam num lugarzinho perto de Orlando, embora os donos também passem o inverno no Brasil. Em sua casa na Flórida, o casal criou seis filhotes em meio às músicas da Disney. (Seus filhos praticamente cresceram no Walt Disney World Resort.)

Os pais trabalhavam longas horas para alimentar sua grande família, mas sempre serviam o café da manhã reforçado: libélulas, grilos, mariposas e aranhas.

Essa dupla apaixonante faz parte de uma comunidade de centenas de pássaros especiais – Martins Roxos –, que residem em casinhas aconchegantes feitas apenas para eles em todo o resort do Walt Disney World.

Os Martins moravam em uma pequena parte de uma colônia de ninhos dentro de casas inteligentes de pássaros – em formato arredondado, equipadas pela Disney e a Microsoft com sensores ambientais e câmeras HD. Eles são os objetos de um novo estudo que está abrindo uma janela sobre a vida secreta dos Martins Roxos – os maiores membros da família das andorinhas na América do Norte e uma espécie em extinção.

Para os conservacionistas, os Martins Roxos servem como embaixadores da majestade das aves migratórias e fornecem pistas sobre o que podemos fazer para protegê-los.

“Os Martins Roxos são incríveis, acrobáticos e ágeis”, diz o dr. Jason Fischer, gerente do programa de conservação da Disney. “Eles têm apenas 20 centímetros de comprimento, mas isso não os impede de voar mais de 9 mil quilômetros da Amazônia ao Walt Disney World e voltar todos os anos.

“Eles também são construtores de ninhos em cavidades, o que significa que não podemos simplesmente ver como é a vida familiar”, acrescenta Fischer. “O que acontece nos ninhos continua sendo um mistério.”

Desde 1966, a contagem estimada de Martins Roxos na América do Norte caiu em quase 40%, de acordo com a Universidade Cornell.

Pior, o número de muitos tipos de aves migratórias está diminuindo, diz Fischer.

Essas linhas de tendência ajudaram a criar o projeto do Martim Roxo, que passou a contar com colaborações contínuas entre a equipe de Animais, Ciências e Meio Ambiente da Disney e organizações sem fins lucrativos globais, que se esforçam para salvar animais selvagens em perigo, diz Fischer.

“Nós, da Disney, queremos fazer a mágica acontecer de maneiras novas e empolgantes, sendo ao mesmo tempo administradores dos recursos ao nosso redor”, conta Tony Ambrozie, vice-presidente sênior de tecnologia da The Walt Disney Company. “Sabíamos que queríamos ajudar os pássaros de uma maneira nova e criativa.”

Para aprender mais sobre as espécies e inspirar os hóspedes a querer ajudá-los, a equipe procurou primeiro responder algumas questões fundamentais. O que é preciso para ser um ótimo pai dos Martins Roxos? Como os filhotes do Martim Roxo aprendem o que é ser um Martim Roxo? E como eles podem inspirar os convidados da Disney a ficar igualmente fascinados por essas aves?

Eles arquitetaram um plano. Tinham que assistir os Martins Roxos enquanto criavam suas famílias. Também perceberam uma grande vantagem nessa busca: os Martins Roxos preferem se aninhar em casas feitas sob medida.

Enquanto muitas espécies ocasionalmente se empoleiram em casas de passarinho, é raro uma população inteira escolher moradias fornecidas por humanos em locais de nidificação natural, explica Fischer. No leste da América do Norte, quase todos os Martins Roxos vivem em casas de passarinho e são muito tolerantes com as pessoas.

Para aprender mais sobre a vida dessa espécie no interior de suas casas, a Disney Emerging Technologies colaborou com a Microsoft.

Juntas, essas equipes construíram as primeiras casas inteligentes para Martins Roxos. Esses ninhos foram adicionados a uma colônia de casas de passarinho em forma de cabaças montadas em um poste alto (apelidado de “resort de pássaros” pelos conservacionistas da Disney). Existem 11 resorts localizados no Animal Kingdom da Disney.

Essas casas de passarinho – brancas e do tamanho de uma caixa de correio – são equipadas com câmeras HD e sensores conectados à nuvem, tornando-as algumas das menores casas inteligentes do mundo.

Elas combinam o poder da nuvem inteligente com a “fronteira” inteligente – nesse caso, as cabaças – usando a visão computacional, a biblioteca de aprendizado incorporada da Microsoft Research e o Azure IoT Edge para estudar a família Martim e enviar aos cientistas novas informações sobre seu comportamento de nidificação.

Toda essa tecnologia deve suportar o sol da Flórida, umidade e chuva – e não impactar as aves e suas vidas familiares.

“Precisávamos garantir que o calor gerado pela parte eletrônica não elevasse a temperatura interna das cabaças de uma maneira que pudesse atrapalhar o comportamento de nidificação do Martim Roxo”, diz Ambrozie.

Para isso, eles equiparam cada matriz de sensores com um ventilador silencioso. Também realizaram testes regulares de temperatura nas câmeras e outros equipamentos eletrônicos para mostrar que a tecnologia estava fazendo seu trabalho sem ser perturbadora, conta Ambrozie.

A primeira fase do estudo foi uma prova de conceito, mostrando que as equipes poderiam construir casas acolhedoras de alta tecnologia para os Martins Roxos. Essa etapa já foi concluída, ressalta Fischer.

Câmeras afixadas perto dos ninhos e nas varandas das casas ofereciam visões de alta definição dos filhotes nascendo e como os pais os alimentavam. Os sensores, enquanto isso, monitoravam a temperatura, a umidade e a pressão do ar durante a época de nidificação e registravam cada vez que um dos pais entrava ou saía da casa.

“Observando-os e ouvindo suas chamadas otimistas, parece que eles se divertem muito”, afirma Fischer. “Isso tem o potencial de alegrar muitas famílias com a magia da natureza.”

As casas inteligentes juntaram-se a uma rede maior de moradias existentes em todo o Walt Disney World Resort. Estabelecida para o estudo e a conservação das espécies, a comunidade forneceu casas para famílias de Martins Roxos nos últimos 20 anos. Agora, ela reúne mais de 170 ninhos por ano.

“Foi uma experiência reveladora ver o quanto podemos aprender sobre essas aves, graças a essas novas tecnologias”, diz Fischer.

“Apenas como exemplo, quando podíamos apenas observar as casas de fora, eu sempre ficava impressionado com o tamanho das libélulas que os pais levavam para as casas. Nunca soubemos se eles deram isso para um filhote ou mais. Mas ver (o novo) vídeo dos filhotes engolindo aquelas enormes libélulas é realmente impressionante!”

No futuro, pesquisadores da Disney esperam fazer parceria com a Microsoft para melhorar e implantar mais casas inteligentes para discernir semelhanças e diferenças entre as várias famílias de Martim Roxo, conta Fischer.

Eles também estão ansiosos para se reunir, no início de 2019, com a família Martin.

“Havia uma família que seguíamos desde os ovos aos ninhos vazios”, relata Fischer. “Martins Roxos normalmente colocam de quatro a seis ovos, e essa era uma grande família de seis. Cada um dos ovos eclodiu e todos os filhotes sobreviveram até a idade adulta.”

“Demos a cada um uma banda de perna quando tinham quase três semanas de idade. Mal podemos esperar para ver quem volta para a Disney no próximo ano para criar uma família pela primeira vez.”

Foto do topo: Um par de Martins Roxos em uma comunidade especial de centenas de pássaros que residem em casas personalizadas em todo o Walt Disney World Resort.

(Todas as imagens são cortesia da Disney)