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Lauren Taylor onversa com seus alunos

Você não precisa ser um desenvolvedor para transformar uma boa ideia em um aplicativo

Ao pensar nas avaliações de leitura dos alunos em sua escola, Lauren Taylor viu um problema fundamental.

Professores da escola de ensino fundamental Manitou Park, em Tacoma, Washington, onde Taylor é a vice-diretora, registravam dados das avaliações três vezes por ano no papel. Depois, as notas de cada aluno eram inseridas em um banco de dados, e os alunos, agrupados com base nessas notas. Dessa forma, informações detalhadas sobre as habilidades de leitura dos alunos não ficavam disponíveis com a análise feita no papel, o que dificultava a definição do que cada aluno precisava aprender e melhorar.

uma mulher sorri em uma sala de aula de crianças
Lauren Taylor, vice-diretora da escola Manitou Park. (Foto: Scott Eklund/Red Box Pictures)

Taylor, que tinha pouca experiência em tecnologia, inicialmente riu da sugestão de que ela mesma poderia criar um aplicativo para resolver o problema. Mas entrou no PowerApps, uma plataforma projetada para facilitar as coisas. Ela criou uma maneira de os professores inserirem informações de avaliação de leitura, armazená-las em uma lista do SharePoint e acompanhar o progresso dos alunos por meio de gráficos de dados do Power BI.

Os professores agora podem acessar facilmente o aplicativo e os dados por meio do Teams, o hub de colaboração baseado em bate-papo da Microsoft, em seus telefones ou tablets e fazer um trabalho melhor para atender às necessidades dos alunos – e Taylor diz que foi surpreendentemente fácil de fazer.

“Não é mais ´eu gostaria que alguém pudesse fazer isso´”, diz ela. “É o que eu quero fazer? Eu sei que isso pode acontecer e como faço para chegar lá?’”

Taylor é uma das muitas pessoas em todo o mundo que estão usando ferramentas, plataformas e comunidades on-line da Microsoft para criar aplicativos e soluções que antes eram exclusivamente da competência de desenvolvedores profissionais. Essa ideia de capacitar desenvolvedores de todos os níveis de habilidade é o foco da conferência Build 2019, da Microsoft, que acontece de 6 a 8 de maio, em Seattle.

O evento anual atrai engenheiros de software e desenvolvedores da web, e terá um público maior este ano, quando pela primeira vez os participantes do Build podem se inscrever para levar jovens de 14 anos ou mais até a conferência para aprender e explorar gratuitamente, e estudantes de todo o mundo estarão competindo no campeonato mundial de computação Imagine Cup, hospedado no Build pela primeira vez.

Charlotte Yarkoni, vice-presidente corporativa de Comércio e Ecossistemas da Microsoft, diz que o Build 2019 é um reflexo do que agora significa ser um desenvolvedor e que, com as ferramentas certas, qualquer um pode usar a tecnologia para construir algo extraordinário.

“A Microsoft tem uma ampla variedade de plataformas que ajudam as pessoas a criar aplicativos, resolver problemas e criar grandes coisas com a tecnologia – e elas não estão aí apenas para programadores e engenheiros experientes”, diz Yarkoni. “Seja você um estudante do ensino médio com uma grande ideia ou um experiente cientista da computação, ferramentas como o VS Code, o Azure e o GitHub podem ajudá-lo a dar vida às suas ideias.”

Nick Gill
Nick Gill, funcionário da Cruz Vermelha, tinha pouca experiência em tecnologia antes de desenvolver um aplicativo para ajudar na solicitação de suprimentos para aulas. (Foto cedida por Nick Gill)

Nick Gill, especialista em treinamento da Cruz Vermelha americana, tinha pouco conhecimento de tecnologia quando decidiu encarar um desafio enfrentado pelos instrutores da organização, que usavam um processo baseado em papel para pedir os suprimentos necessários para as aulas. Os formulários eram enviados ao coordenador de logística que encomendou os suprimentos, como livros didáticos e ataduras, mas os instrutores nunca sabiam quando os suprimentos chegariam, e os supervisores não tinham ideia do que estava sendo pedido a cada mês.

“É quando realmente chega a hora de exercer nossa liderança, quando as coisas não estão dando certo”, diz Gill, que mora em Dayton, Ohio. “Precisávamos ser capazes de responder a algumas perguntas básicas, e não pudemos fazer isso porque estávamos sentados aqui com caneta e papel.”

Gill aprendeu sozinho a usar Power BI, PowerApps e Flow, que automatizam tarefas em diferentes aplicativos, e criou um app de carrinho de compras para os instrutores pedirem suprimentos. O aplicativo envia automaticamente atualizações aos instrutores sobre o status de seus pedidos e reduziu os ciclos de pedidos de três a quatro semanas para quatro ou cinco dias úteis, diz Gill. Outros funcionários da Cruz Vermelha também criaram aplicativos, incluindo uma ferramenta para conectar pessoas que chegam ao mesmo destino, para que possam compartilhar carros de aluguel e um aplicativo de check-in para voluntários que trabalham em locais de desastre.

“Não é mais ‘eu gostaria que alguém pudesse fazer isso´. É ‘o que eu quero fazer?´”

– Lauren Taylor, vice-diretora

Vários voluntários da Cruz Vermelha nos EUA agora se reúnem regularmente pelo Skype ou Teams para desenvolver soluções tecnológicas para enfrentar desafios organizacionais. A crescente cultura de inovação ajudou a envolver melhor a força de trabalho voluntária da Cruz Vermelha, diz Gill.

“Muitas vezes, nos esforçamos para engajar voluntários em atividades nas quais estão interessados”, diz ele. “As pessoas podem não ser capazes de ajudar em uma ocorrência, mas podem usar o computador e criar um aplicativo.”

Gill, que agora é o gerente nacional de logística de entrega de serviços e inventário da Cruz Vermelha, está trabalhando em outros aplicativos para ajudar a rastrear os equipamentos da organização e gerenciar seu inventário do armazém. Ele diz que o PowerApps forneceu um “portal do aprendizado” que o levou a se aprofundar em outras tecnologias às quais não teria acesso de outra forma.

“O PowerApps é acessível para a pessoa comum”, diz ele. “Se você clicar no campo, poderá criar um PowerApp.”

dois homens ao ar livre (foto)
Fabian Bolin, à direita, criou o WarOnCancer com seu amigo Sebastian Hermelin para ajudar pacientes com câncer a lidarem com questões emocionais e compartilharem suas histórias (Foto: Ema Persson)

Para outros, o ímpeto para criar soluções tecnológicas é mais pessoal que profissional. Fabian Bolin tinha 28 anos e almejava uma carreira na indústria cinematográfica quando sua vida mudou completamente após um diagnóstico de leucemia. Incapaz de trabalhar por dois anos e meio durante a quimioterapia, Bolin ficou arrasado. Começou um blog sobre sua batalha contra o câncer e descobriu que escrever o ajudou a processar e normalizar sua situação. Entretanto, foram as conexões com outros pacientes com câncer que mais o afetaram.

“Nunca me senti mais feliz do que quando escrevi o blog”, diz Bolin, que mora em Estocolmo, na Suécia. “Saber que o compartilhamento de minha história ajudou os outros em suas jornadas de câncer me trouxe a maior sensação de significado e propósito que já senti”.

Enxergando a oportunidade de ajudar pacientes com câncer a lidar com a depressão e outros problemas emocionais, Bolin contou com a ajuda de um amigo, Sebastian Hermelin, para o projeto. A dupla fundou a WarOnCancer.com como uma rede social para pessoas com a doença. Em março deste ano, lançaram um aplicativo móvel suportado pelo Azure, criado para permitir que pacientes com câncer compartilhem histórias e experiências, além de encontrar pontos em comum com os outros. O aplicativo também permitirá que os pacientes compartilhem seus dados e acompanhem como estão sendo usados em pesquisas, com o objetivo de ajudar a conectá-los a tratamentos e experimentos clínicos eficazes. A Microsoft está colaborando com a WarOnCancer, e suas tecnologias serão usadas para desenvolver o componente de dados da plataforma.

“Estamos usando a tecnologia digital, mas as crianças estão construindo com as próprias mãos. Elas não estão sentadas olhando para suas telas.”

– Stu Lowe, especialista em tecnologia e inovação

Bolin acredita que, ao capacitar pacientes com câncer para contribuir para a pesquisa e tomar decisões baseadas em informações sobre sua saúde, facilitando o que ele chama de “felicidade altruísta”, a WarOnCancer pode ajudar a melhorar a saúde mental dos pacientes.

“Estamos transformando o compartilhamento de dados em uma proposta de valor contra o câncer”, diz ele. “Podemos encarar isso como uma plataforma contra o câncer e tentar resolver problemas de saúde mental, ou podemos encará-lo como uma plataforma para a saúde mental, e o câncer é o grupo de teste.

“Você pode aplicar a mesma metodologia para todos os formulários de doenças e fazer com que as pessoas se sintam bem novamente”, Disse Bolin. “Não há limite para as possibilidades do que pode ser feito.”

Três jovens mulheres perto da água
Da esquerda para direita, as estudantes universitárias Partoo Vafaeikia, Kathrine von Friedl e Elaheh Jalalpour que criaram o aplicativo SafeTrip para ajudar na prevenção de acidentes. (Foto cedida pelo time da SafeTrip)

A experiência pessoal também serviu de motivação para a criação do SafeTrip, um dos concorrentes da Imagine Cup deste ano. Criado por uma equipe feminina de estudantes universitários canadenses, o aplicativo monitora os movimentos dos olhos dos motoristas e notifica um contato de emergência se um motorista estiver dormindo.

Para Partoo Vafaeikia, uma das sócias da startup e estudante de ciência da computação da Universidade de Toronto, a necessidade da solução é extremamente real. Ela perdeu dois amigos em apenas uma semana há alguns anos em acidentes de carro distintos tarde da noite. Um veículo bateu em um poste de luz; o outro atravessou um aterro.

“É muito importante que tentemos achar um caminho para reduzir este tipo de acidente e ter rodovias mais seguras”, diz Vafaeikia.

O aplicativo SafeTrip faz uma foto a cada segundo e envia para um backend que usa o Azure Custom Vision, que emprega uma solução de aprendizado de máquina para reconhecer conteúdo específico de imagens, para determinar se os olhos do motorista estão fechados por três segundos ou mais. Se estiverem, o sistema envia a localização do veículo por meio de latitude e a longitude e uma notificação para um contato de emergência, além de emitir um som alto para alertar o motorista.

“Analisamos as estruturas de outras empresas e escolhemos a Microsoft porque notamos que é superior em termos de personalização, flexibilidade e facilidade de uso.”

– Kathrine von Friedl, membro da equipe SafeTrip

Os integrantes da equipe criaram o SafeTrip durante um hackathon na Universidade de Toronto, depois de participar de uma sessão da Microsoft onde aprenderam sobre o Azure Custom Vision. A tecnologia foi surpreendentemente fácil de usar, diz Kathrine von Friedl, da equipe.

“Nós percebemos que com o Azure Custom Vision, precisaríamos apenas subir as fotos e ele treinaria o modelo para nós”, disse von Friedl, que estuda engenharia mecatrônica na Universidade de Waterloo. “Analisamos as estruturas de outras empresas e escolhemos a Microsoft pois notamos que é superior em termos de personalização, flexibilidade e facilidade de uso.”

Atualmente, o SafeTrip usa notificações de texto, mas a equipe está procurando expandir para outros métodos de mensagens, como o Skype, e quer aproveitar a interface de programação de aplicativos de mapa do Bing para mapear a localização dos motoristas. O objetivo é formar parcerias com empresas de compartilhamento de caronas “que possam se beneficiar do aplicativo, garantindo segurança aos clientes”, diz von Friedl.

Stu Lowe
Stu Low, à esquerda, utiliza tecnologia para promover uma abordagem de aprendizado centrada na prática para estudantes e professores da Escola Beacon Hill, de Hong Kong (Foto cedida por Stu Lowe)

No mundo de Stu, a tecnologia é uma ferramenta para aprender e criar, para mover e dar vida às invenções. Como especialista em tecnologia e inovação para educação na Escola Beacon Hill, em Hong Kong, Lowe trabalha com professores e estudantes de 4 a 11 anos com uma abordagem centrada na criação, relacionando a tecnologia com os tópicos ensinados. Estudantes utilizam a plataforma Microsoft MakeCode e microcontroladores para desenvolver projetos que vão de mochilas inteligentes a bichos de estimação virtuais, um canhão de bolas de pingue pongue e um robô com olhos que mudam de cor.

A escola ensinava programação anteriormente aos alunos em aulas de 45 minutos, que não era tempo suficiente para capacitá-los a desenvolver projetos, conta Lowe.

“Gastamos muito tempo martelando temas ligados a programação, mas não demos um passo atrás para refletir o porquê de estarmos fazendo aquilo. Os alunos estavam ficando bons, mas qual era o objetivo?”, explica o professor. “Nem todos serão cientistas da computação. As crianças dominavam a habilidade, mas não produziam nada com ela.”

Há dois anos, a escola mudou de aulas curtas de programação para incorporar o desenvolvimento com tecnologia ligada às unidades de ensino. Também deu início ao “dia da criação” dos professores, nos quais criam projetos de tecnologia que podem ser trabalhados com os alunos posteriormente. A educação centrada em criação, afirma Lowe, busca melhorar a aprendizagem por meio de experimentos criativos, empoderar as crianças a ser mais criativas e as encorajar a olhar com mais atenção para os objetos e sistemas do mundo ao seu redor como forma de encontrar melhorias.

Lowe diz que o MakeCode, desenvolvido para a criação de códigos para robôs, dispositivos vestíveis e tudo aquilo que os estudantes imaginarem, é acessível mesmo para crianças do primário e transformou como a escola ensina programação. Construir com microcontroladores realmente conquista a imaginação das crianças, afirma ele.

“Estamos utilizando a tecnologia digital, mas as crianças estão criando com as suas próprias mãos”, conta. “Eles não estão apenas sentados olhando para uma tela.”

Como um criativo de carreira que incomodou seus pais quando criança, desmontando brinquedos para ver como funcionavam, Lowe também cria em sua casa com a tecnologia, desenvolvendo videogames e hackeando a sua mobília. Ele enxerga a tecnologia como uma forma de preparar as crianças para um mundo em que, mesmo com tecnologias avançadas como inteligência artificial e aprendizado de máquina, ainda precisaremos de inventividade e imaginação.

“Acredito que haverá um mundo no futuro onde as pessoas serão mais criativas”, diz.

Foto do topo: a vice-diretora Laren Taylor trabalha com alunos da Escola  Primária Manitou Park, em Tacoma, Washington. (Foto: Scott Eklund/Red Box Pictures).