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Volta ao mundo em 90 dias: duas pilotos da Índia decolam para fazer história

Uma menina de cinco anos de idade em Mumbai sonhava se tornar piloto. Perto dali, um jovem casal ensinava a filha a sonhar alto. Mal sabiam as garotas que, em menos de duas décadas, elas se encontrariam no céu, em uma expedição que nunca havia sido tentada antes.

Conheça Aarohi Pandit, de 22 anos, e Keithair Misquitta, de 23 anos, que estão tentando se tornar a primeira equipe feminina do mundo a percorrer a Terra em um veículo motorizado. Durante 90 dias, a dupla cobrirá 40 mil quilômetros, atravessará três continentes e 23 países, para divulgar sua mensagem sobre o empoderamento feminino e encorajar mais garotas a voar.

Quando os sonhos encontram uma pista

Para Pandit, tudo começou durante as férias da família. Seu pai tinha um negócio de viagens, o que garantiu que ela explorasse o país extensivamente. “Ser piloto tem sido meu sonho de infância. Era fascinada por mulheres pilotos desde que vi uma pela primeira vez aos cinco anos”, relembra.

Misquitta, por outro lado, foi instigada por seus pais a sonhar alto. “Para uma família que vem de uma comunidade conservadora de indianos orientais, meus pais são vanguardistas – eles encorajaram a mim e minhas três irmãs a perseguir nossos sonhos, por mais não convencionais que fossem”, diz, com orgulho.

As duas se conheceram no Bombay Flying Club, ainda estudantes, treinando para obter sua licença de piloto comercial e são as únicas titulares da licença em suas famílias. Apesar de ter personalidades contrastantes – Misquitta, a mais madura e observadora, enquanto Pandit é a despreocupada – as duas se davam bem e compartilhavam uma boa amizade. Elas são as primeiras detentoras da licença Light Sports Aircraft (LSA, ou Aeronaves Esportivas Leves, em português) da Índia.

Elas chamaram a atenção da Navy Blue Foundation por pilotar a Expedição WE! O capitão Rahul Monga, detentor do recorde mundial da navegação circular mais rápida em uma aeronave ultraleve (um feito que realizou em 80 dias) e da condecoração Shaurya Chakra, as recebeu e ficou impressionado com sua resistência física e mental. Com a homenagem do capitão Monga à sua seleção, a dupla começou a treinar para melhorar sua condição física e a força para a expedição.

Aarohi Pandit, de 22 anos, passou a sonhar em ser piloto quando viu uma mulher pilotando pela primeira vez, aos cinco anos de idade.
“Educar cem meninas reforçará a fraternidade das mulheres e mal posso esperar para ver isso acontecer”, diz Keithair Misquitta.

Pilotar uma causa

A Expedição WE! é dirigida pela Social Access Communications, em colaboração com o Ministério da União para o Desenvolvimento da Mulher e da Criança, e apoiada por vários patrocinadores e parceiros. Os organizadores estavam à procura de duas pilotos para aumentar a conscientização sobre o empoderamento das mulheres e também arrecadar fundos para o WE! Udaan Scholarship, por meio de uma campanha de crowdfunding para treinar pelo menos 100 mulheres pilotos, abrangendo 110 cidades e vilas em toda a Índia. Uma das defensoras da expedição é Maneka Gandhi, Ministra da União de Mulheres e Desenvolvimento Infantil, do governo da Índia, que tem defendido a causa da educação de meninas.

“A ficha de termos sido escolhidas para a Expedição WE! não tinha caído até que começamos nosso treinamento formal para a missão na Sérvia, em abril deste ano. Quando nos demos conta da magnitude da viagem e das responsabilidades e desafios, nos comprometemos com o projeto”, diz Misquitta.

“Percebemos que tivemos sorte por termos sido escolhidas pela equipe da Expedição WE!. Completar esta jornada com sucesso será uma homenagem aos esforços de toda a equipe. Mas, mais importante, será um caminho para permitir que garotas sigam uma carreira nos céus”, acrescenta Pandit.

Não apenas teriam que lidar com o desafio físico de voar longas distâncias nos três meses seguintes, mas também lidar com condições adversas por conta própria. Tudo isso estando confinadas em uma pequena cabine de sua LSA, que elas chamaram de Mahi, que significa “Grande Planeta Terra” em sânscrito.

Conheça a Mahi

Mahi é um Sinus 912 LSA Motorglider, um herói aéreo com vários prêmios e registros na sua conta. Pesando menos de 500 quilos e com uma envergadura de 15 metros, a aeronave voa a uma altitude inferior a 3.050 metros e pode percorrer 1.200 quilômetros com uma autonomia de menos de 6 horas. Uma das características que funcionam a seu favor é o baixo consumo de combustível, de menos de 10 litros por hora a uma velocidade de 200 quilômetros por hora. Tudo isso é impressionante, mas o Sinus 912 LSA Motorglider ainda é muito seguro e tem uma cabine de segurança especial, envolta com estruturas de absorção de energia feitas de fibra de Kevlar.

Tudo isso tem um preço. Mahi só pode transportar 472,5 kg de todo o peso. Isso significa que Misquitta e Pandit não apenas teriam que levar uma bagagem leve, mas também escolher seu equipamento com muito cuidado. Para ajudá-las a navegar melhor no céu, escolheram o Microsoft Surface Pro como sua principal interface de navegação para a expedição. O Surface Pro não apenas é significativamente mais leve do que os laptops comuns, mas também oferece um desempenho poderoso sem limitações, o que significa que todos os aplicativos e softwares necessários para a expedição funcionam sem problemas.

“A longa duração da bateria e a interface rica tornam-se indispensáveis ​​para a navegação de voos, acesso a informações críticas, manutenção de registros e documentação em pleno ar”, explica Pandit.

“É um companheiro perfeito, devido ao seu peso ultraleve, alto desempenho e velocidade. Também é fácil de usar no espaço limitado que temos na cabine”, completa Misquitta.

Preparando-se para a decolagem

A dupla decolou do Patiala Aviation Club, no norte do estado de Punjab, em 30 de julho, voando para o oeste. Enquanto continuam seu voo, a grandiosidade da expedição não para nelas. Elas estão voando não só para fazer história, mas para espalhar a mensagem da educação de meninas. Adornado com a mensagem “Beti Bachao, Beti Padhao” (Salve a menina, eduque a menina), Mahi está levando sua mensagem para o mundo.

“Não há nada tão fortalecedor quanto a educação. Educar cem meninas fortalecerá a fraternidade das mulheres de várias maneiras e mal posso esperar para ver isso acontecer”, diz Misquitta. “Estamos voando para lhes dar asas”, acrescenta Pandit fervorosamente.

Você pode acompanhar a jornada de Keithair Misquitta e Aarohi Pandit seguindo a Expedição WE! no Facebook, Twitter e Instagram.