Resolução da Microsoft para 2020 é habilitar a intensidade tecnológica em seus clientes e parceiros

Enquanto encerramos 2019 e nos preparamos para entrar numa nova década, tenho pensado bastante no progresso que a indústria de tecnologia fez nos últimos dez anos e no que isso significa para os próximos dez. Quero refletir sobre uma das principais tendências tecnológicas que vi na última década e como isso afetará a inovação entre os setores na próxima década.

No início dos anos 2010, a computação em nuvem estava apenas começando a ganhar impulso, porque pequenas e grandes organizações descobriram as vantagens do poder da computação sob demanda – particularmente a capacidade de aumentar ou diminuir a escala para atender aos requisitos de negócios em constante mudança. No início, o custo foi um grande fator na mudança para a nuvem, pois forneceu uma maneira econômica de armazenar grandes conjuntos de dados.

Agora que o armazenamento na nuvem é onipresente e o volume de informações digitais aumentou de terabytes para petabytes e zetabytes, os dados se tornaram o ativo mais valioso de toda empresa. Hoje, no final da década, o foco passou do uso da nuvem para obter economias de escala para extrair insights do dilúvio de dados que pode fortalecer a inovação e criar vantagem competitiva.

Mas, para realmente aproveitar o poder dos dados durante a próxima década, esses dados relevantes precisarão fluir livremente, com segurança e de maneira estruturada nas organizações e externamente para e de parceiros confiáveis. Estamos apenas começando a ver as etapas para tornar isso possível, com o estabelecimento de novos padrões e iniciativas de interoperabilidade em vários setores, além da ascensão da tecnologia para gerar transparência de dados, como o blockchain.

No setor de assistência médica, por exemplo, o padrão Fast Healthcare Interoperability Resources (FHIR) estabelece formatos de dados que permitem a troca de registros eletrônicos de saúde, independentemente do fornecedor e do sistema utilizado.

Para endereçar novos regulamentos, novas soluções e esforços foram acelerados. No início deste ano, a Microsoft anunciou a API do Azure para FHIR para permitir a interoperabilidade do sistema de saúde e o compartilhamento de dados na nuvem. Em julho, os principais fornecedores de nuvem, incluindo a Microsoft, se reuniram pelo segundo ano, para reafirmar seu compromisso coletivo de permitir a troca de dados de assistência médica sem atrito para pacientes e o setor.

E em novembro, para acelerar a capacidade de integrar dados de assistência à saúde de dispositivos médicos, a Microsoft lançou uma ferramenta de software de código aberto (OSS) para a Internet das Coisas Médicas (IoMT) chamada IoMT FHIR Connector for Azure. Essa nova ferramenta capacita aqueles que trabalham com dados de dispositivos médicos a inserir e transformar com segurança esses dados no padrão FHIR – permitindo o fluxo de dados sem atrito dos dispositivos médicos.

A Open Manufacturing Platform (OMP) é uma iniciativa para impulsionar o desenvolvimento industrial aberto de IoT e compartilhar soluções inteligentes de fábrica em todo o setor de manufatura para acelerar significativamente os desenvolvimentos industriais de IoT. O OMP ajuda os fabricantes a trabalharem juntos para quebrar os silos de dados e superar os desafios de sistemas proprietários complexos. Aproveitando as soluções existentes, os fabricantes podem desbloquear o potencial de seus dados, integrar soluções industriais de maneira mais rápida e segura e se beneficiar das contribuições de outros membros da comunidade, mantendo a propriedade de seus próprios IP e dados.

Estes são apenas alguns exemplos de como estamos ajudando nossos clientes a aproveitar os dados para obter melhores insights de negócios e, em última instância, uma vantagem competitiva.

A importância da intensidade tecnológica na próxima década

Passamos os últimos meses pesquisando e conversando com executivos dos EUA de grandes organizações em quase todos os setores para o nosso State of Tech Intensity 2019 Study. O que descobrimos foi um amplo consenso de que o principal catalisador do progresso e da ruptura na década de 2020 será o crescimento explosivo dos dados e o surgimento de poderosas ferramentas de IA e de aprendizado de máquina que podem revelar correlações e insights em todos esses dados.

A capacidade de desbloquear dados é fundamental para a transformação digital de uma organização e, quando elas são capazes de fazer isso, podem inovar mais facilmente a maneira como se envolvem com os clientes, capacitam seus funcionários e otimizam suas operações. E as organizações mais inteligentes também usarão esses dados para identificar oportunidades para transformar seus produtos e serviços.

Também descobrimos que, em todos os setores, as organizações que obtêm o maior sucesso estão fazendo mais do que apenas implementar a tecnologia existente – estão desenvolvendo seus próprios recursos digitais e soluções proprietárias que usam dados e IA para enfrentar seus desafios e aproveitar novas oportunidades. Em essência, elas estão se tornando organizações de tecnologia e, no processo, se colocando na vanguarda da inovação tecnológica em seus setores. Nós nos referimos a essa abordagem como “intensidade tecnológica” e é algo que falamos há algum tempo.

Como exemplo, a Mastercard, sediada em Nova York, é uma empresa líder em tecnologia no setor de pagamentos, processando cerca de US$ 20 bilhões em transações por dia em mais de 210 países ou territórios. E a Microsoft é um dos principais atores do comércio eletrônico no mundo, com vendas on-line da Microsoft Store, Xbox, Azure, Office 365 e muito mais.

As duas empresas se colocaram no lugar uma da outra – passaram três dias hackeando juntas – e criaram um novo serviço para tornar as compras on-line mais fáceis e seguras em todo o mundo, não apenas para compradores, mas também para varejistas e bancos. A experiência colaborativa inspirada na intensidade da tecnologia deu início a uma nova maneira de pensar sobre inovação que promete levar a ainda mais desenvolvimentos para ajudar o comércio eletrônico a prosperar.

Até no mundo da saúde e das ciências da vida vemos uma evolução semelhante e limites difusos. Em outubro, a Novartis anunciou que criaria um laboratório de inovação de IA para capacitar seus colaboradores a usar a IA nos negócios, utilizando as tecnologias de IA da Microsoft. A empresa disse que está se posicionando como uma empresa líder em medicamentos impulsionada por terapias avançadas e ciência de dados/IA.

Crescer em dados e digital é um pilar estratégico essencial que está ajudando a Novartis a realizar essa ambição. A ciência de dados e as tecnologias digitais permitem que a empresa repense como inovar em P&D, se envolver com pacientes e clientes e aumentar a eficiência operacional.

De acordo com nossa pesquisa, a grande maioria dos líderes acredita que a intensidade da tecnologia é essencial para sua sobrevivência: 75% dos entrevistados disseram que é a maneira mais eficaz de criar uma vantagem competitiva hoje e 83% concordam que é fundamental para o sucesso futuro.

A indústria automotiva é um ótimo exemplo de como as empresas estão repensando toda a sua estrutura organizacional e cultura de colaboração para desenvolver recursos digitais: a Volkswagen Automotive Cloud será uma das maiores nuvens dedicadas do gênero na indústria automotiva e fornecerá todos os futuros serviços digitais e ofertas de mobilidade em toda a sua frota. A partir de 2020, mais de 5 milhões de novos veículos da marca Volkswagen estarão totalmente conectados na nuvem Azure e na plataforma de fronteira da Microsoft a cada ano.

A Volkswagen pretende agrupar mais de 5.000 especialistas digitais em sua nova unidade “Car.Software”, com a responsabilidade de todo o grupo pelo software nos veículos até 2025, e estabeleceu um novo centro de desenvolvimento em Seattle para aprender com a cultura altamente desenvolvida da Microsoft de colaboração ágil e liderança digital e transferir essa cultura para a própria organização do centro.

Quão real é o conceito de intensidade tecnológica? Três em cada quatro líderes que participaram do nosso estudo relataram que suas organizações já estão criando novos recursos digitais que incorporam tecnologias avançadas, como aprendizado de máquina e IoT.

A Unilever, uma das maiores fabricantes mundiais de produtos de consumo, é outro ótimo exemplo. A empresa está construindo gêmeos digitais de suas fábricas para analisar processos e descobrir novos insights para melhorar a capacidade de produção, qualidade e segurança.

Os modelos digitais coletam grandes quantidades de dados sobre quase todos os aspectos de desempenho de máquinas e equipamentos em suas contrapartes físicas e, em seguida, usam análises avançadas e aprendizado de máquina para prever como as mudanças afetam a produção. Em um resultado inicial, depois de analisar os dados sobre a produção de xampu e detergente líquido, o modelo digital previu uma ordem mais eficiente para o processo, que reduz o tempo necessário para criar um lote completo, permitindo que a fábrica melhore a capacidade sem investir em novos equipamentos.

Também descobrimos que os líderes esperam que a intensidade da tecnologia não apenas conduza ao sucesso comercial, mas também crie benefícios sociais globais – mais de 90% acreditam que a intensidade da tecnologia terá um impacto positivo nas comunidades ao redor do mundo por meio de coisas como a criação de melhores serviços públicos, conectividade aprimorada nas áreas rurais, redução de desperdício corporativo e assistência médica de maior qualidade e mais acessível. E pouco mais de um terço espera que a intensidade tecnológica ajude a nivelar o campo de atuação da economia global.

Entre outras descobertas importantes, quase metade dos entrevistados nos disse que as organizações estabelecidas sofrerão rupturas à medida que outras organizações de seus setores e além de aproveitar a intensidade da tecnologia para estabelecer novos modelos de negócios e se expandir para novas áreas de oportunidade.

No início deste ano, fizemos parceria com a Walgreens Boots Alliance (WBA), uma varejista tradicional, para repensar a prestação de serviços de saúde, oferecendo plataformas inovadoras que habilitem redes de saúde de próxima geração, experiências integradas de saúde digital e física e novas soluções de gerenciamento de assistência médica. Entre outros resultados pretendidos, a Walgreens pretende se tornar o prestador de serviços de saúde para seus clientes, oferecendo novos serviços de assistência médica personalizados na loja, além de atendimento virtual quando e onde seus clientes precisarem.

Também há amplo consenso de que a intensidade tecnológica terá um impacto significativo na cultura organizacional: 92% dos entrevistados acreditam que é importante que suas organizações se mantenham no topo das últimas tendências em software e aplicativos, destacando uma forte correlação entre como as organizações estão capacitando seus funcionários com tecnologia e a retenção geral e a lealdade.

A Airbus é um exemplo forte de uma empresa que adota a intensidade da tecnologia para fornecer novos recursos digitais para que seus funcionários façam seu trabalho com mais eficiência e segurança. A empresa está criando soluções de realidade mista que combinam os mundos físico e digital no design e fabricação de aeronaves, permitindo que seus funcionários acessem informações enquanto suas mãos estão ocupadas e manipulem hologramas da mesma maneira que manipulam objetos físicos.

Até agora, em testes e implantações iniciais, a Airbus descobriu que permitir que os designers testem seus planos usando hologramas pode reduzir o tempo necessário para preparar os projetos para fabricação em até 80%. E para os trabalhadores da produção, a capacidade de ver um diagrama sobreposto a uma peça real de máquina para ajudar em tarefas complicadas de fabricação reduziu o tempo de produção em um terço, melhorando a qualidade.

A Airbus também está construindo programas de realidade mista para seus clientes, incluindo um ambiente holográfico 3D para treinar equipes de manutenção e cabine, e um programa que permite que planejadores aeroespaciais e de defesa trabalhem juntos usando mapas de realidade mista para compartilhar dados e se preparar para missões.

Este é apenas o começo. De cadeias de supermercados e organizações de ciências da vida e serviços financeiros a fabricantes de roupas e estúdios de cinema, organizações em todo o mundo estão adotando a intensidade tecnologia e criando soluções digitais inovadoras que não apenas ajudarão a impulsionar seu próprio sucesso, mas que ajudarão a criar comunidades mais prósperas e fortes em todo o mundo.

Acho que nossa missão como empresa – capacitar todas as pessoas e todas as organizações do planeta a alcançar mais – é fundamentalmente centrada em como aumentamos a intensidade tecnológica de todas as organizações com as quais trabalhamos. Na Microsoft, à medida que os anos 2010 dão lugar a uma nova década, temos a honra de ser um parceiro nessa emocionante transformação.

Imagem principal: Sompong Rattanakunchon/Getty Images.